Afastado hoje, governador de Alagoas é investigado por rachadinha

MPF apura esquema com desvio de R$ 54 milhões com uso de funcionários fantasmas entre os anos de 2019 e 2021, quando o governador era deputado estadual. Assessoria de Dantas disse que só vai se pronunciar após ter acesso à decisão do STJ.

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A investigação que resultou no afastamento de Paulo Dantas (MDB) do cargo de governador de Alagoas aponta que, quando era deputado estadual, ele chefiou um esquema que usou servidores fantasmas para desviar recursos da Assembleia Legislativa. A TV Globo teve acesso a trechos da decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) na Operação Edema, deflagrada nesta terça-feira (11).

A assessoria do governador afastado informou que só iria se pronunciar sobre a operação após ter acesso à decisão do STJ.

A operação do Ministério Público Federal (MPF), que cumpriu 31 mandados de busca e apreensão, apura a participação de Paulo Dantas em um esquema que teria desviado R$ 54 milhões por meio de repasses ilegais feitos por funcionários de gabinete entre os anos de 2019 e 2021. Em 2022, Dantas foi eleito de forma indireta governador-tampão de Alagoas.

Dantas concorre ao segundo turno para o governo de Alagoas contra Rodrigo Cunha (União Brasil). A disputa representa a briga entre os grupos políticos mais importantes atualmente no estado. O primeiro é o candidato do senador Renan Calheiros (MDB), enquanto Cunha é apoiado pelo deputado federal Arthur Lira (PP).

Em seu perfil no Twitter, Renan Calheiros saiu em defesa de Dantas e acusou Lira de orquestrar perseguição contra o atual governador de Alagoas.

“A perseguição ao Paulo Dantas remonta a 2017. Foi parar no STJ por uma armação de Lira e lá perambulou por vários gabinetes até cair nas mãos certas da ministra bolsonarista Laurita Vaz, que não tem competência para o caso”, postou o senador.

Renan Calheiros saiu em defesa de Dantas no Twitter  — Foto: Reprodução/Twitter

Entre outras coisas, as investigações apontaram que o esquema consistia no desvio de recursos públicos onde salários recebidos por servidores “fantasmas” da Assembleia eram sacados em espécie em agências da Caixa Econômica Federal em Maceió e repassados para terceiros.

Os investigadores decobriram “fortes indícios” de que o suposto esquema criminoso chefiado por Paulo Dantas tinha participação do seu cunhado, Theobaldo Cavalcanti Lins Netto, prefeito do município alagoano de Major Izidoro conhecido como Theobaldo Cintra (PP).

g1 entrou em contato com a defesa do prefeito Theobaldo, mas não recebeu resposta até a última atualização dessa reportagem.

Paulo Dantas, governador de Alagoas — Foto: Jonathan Lins

A Operação Edemacita entre os principais beneficiários a esposa do governador Paulo Dantas, a prefeita da cidade de Batalha, Marina Thereza Dantas. A irmã de Paulo Dantas também está entre os investigados.

A assessoria da prefeita Marina Dantas informou que ela não vai se pronunciar sobre a operação.

Segundo a Polícia Federal, parte do valor desviado foi utilizada para pagamentos de despesas pessoais, pagamento de advogados, transferências a familiares e compra de bens.

Os mandados da Operação Edema foram cumpridos na Assembleia Legislativa de Alagoas, no Palácio do Governo, em Maceió, e na casa de Dantas e de parentes dele. De acordo com a polícia, foram apreendidos R$ 100 mil em espécie na casa do governador, R$ 14 mil com ele em um hotel em São Paulo e R$ 150 mil na casa de um cunhado dele.