Produtores de cacau apostam em técnica de clonagem para renovar lavouras em Ariquemes, RO

Método está sendo incentivado aos produtores pela Semaic-RO. IBGE aponta aumento de 24% na produção de cacau no estado.

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As clonagens de muda de cacau é a nova promessa para ajudar a lavoura cacaueira a se renovar e aumentar a sua produção em Rondônia. Conhecida como clonagem em broto basal, o método está sendo incentivado aos produtores pela Secretária de Agricultura de Ariquemes (Semaic-RO). A técnica foi exibida na edição do Rondônia Rural de domingo (9).

O engenheiro agrônomo da Semaic Joalissom Gonçalves da Silva afirmou que a produtividade do cacau clonado é superior e o tempo de produção é ainda menor. A árvore também apresenta maior resistência a algumas doenças, como é o caso da vassoura-de-bruxa, que acometeu os cacaueiros na década de 90 e destruiu as plantações das árvores no Brasil.

A fazenda do agricultor Derivaldo Souza das Virgens foi a sexta propriedade de Ariquemes a ser visitada pelos engenheiros e técnicos da Semaic.

Natural da Bahia, Derivaldo seguiu para Rondônia com a família há mais de 30 anos e desde muito novo se dedica a colheita do fruto. Do sítio com 32 hectares, cerca de três são destinados a colheita aos cacaueiros, onde mais de 3 mil pés foram plantados e rendem uma colheita anual de 1.800 kg.

As árvores dessa área, que são cultivadas há mais de 20 anos, diminuíram a produtividade com o passar do tempo. Derivaldo viu a clonagem em broto basal como uma alternativa para recuperar a principal fonte de renda dele e da família.

“Me rendi a tecnologia, tentando se modificar para produzir mais. Agora tá difícil porque o preço não compensa. É pequeno ainda. Mas com essa nova tecnologia a gente consegue sobreviver”, desabafou.

No sítio do agricultor, a clonagem foi realizada em mais de 100 árvores. O técnico agrícola garante que, apesar de o procedimento ser simples, ele se mostra muito eficiente.

“Nós fazemos um corte no broto basal de cerca de 30 centímetros e inserimos uma variedade de cacau clonal. De 20 a 25 dias ele já estará brotado e aí pode remover a sacola que envolve o broto. Em 45 dias é possível remover a fita que sustenta a planta e em pouco tempo a lavoura volta a ser produtiva”, explica o técnico.

De acordo com a Semaic, a primeira florada do cacau clonal acontece aproximadamente após um ano da plantação e a primeira colheita poderá ser feita no ano seguinte.

Em Rondônia, as novas técnicas de clonagem já apresentam bons resultados nos últimos anos. O levantamento sistemático da produção agrícola, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou um aumento de 24% na produção de cacau.

No ano passado, a produção estadual chegou a 5 mil toneladas, ultrapassado a colheita de 4.108 toneladas em 2018. A região do Vale do Jamari apresenta a maior concentração de produção cacaueira no estado.

 Técnica de clonagem do broto basal pretende renovar as lavouras de cacau em Rondônia.  — Foto: Reprodução/Rede Amazônica