Ministro Luís Roberto Barroso ajusta o paletó em frente ao Supremo Tribunal Federal, simbolizando sua saída da Corte e a nova vaga aberta para indicação de Lula.
Luís Roberto Barroso deixa o STF após 12 anos e encerra ciclo que abre caminho para uma nova indicação do presidente Lula.

O ministro Luís Roberto Barroso anunciou nesta quinta-feira (9) que deixará o Supremo Tribunal Federal (STF) antes da aposentadoria compulsória. Ele comunicou a decisão durante sessão plenária e encerrou uma trajetória de 12 anos dedicados à Corte. A saída abre caminho para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indique um novo ministro.

“Por 12 anos ocupei o cargo de ministro do STF. Foram tempos de imensa dedicação à justiça e à democracia. A vida me deu a bênção de servir ao país”, afirmou Barroso em tom emocionado.

O ministro contou que enfrentou momentos difíceis e pressões políticas, mas manteve o foco na missão de servir à nação. “Sinto que agora é hora de seguir outros rumos. Ainda não os tenho bem definidos, mas não tenho apego ao poder”, declarou.

Decisão antecipada e movimentação política

A saída de Barroso já era esperada nos bastidores do STF, especialmente após o fim de seu mandato como presidente, em 29 de setembro. Com a posse de Edson Fachin na presidência, aumentaram as expectativas de uma renúncia antecipada.

Hoje, com 67 anos, Barroso poderia permanecer até os 75. Mesmo assim, preferiu deixar o cargo por vontade própria. Essa escolha reacende as articulações políticas sobre o futuro da vaga. Assim, o presidente Lula fará sua terceira indicação ao Supremo neste mandato, o que amplia sua influência na composição da Corte.

Além disso, assessores de ministros avaliam que a decisão de Barroso tem forte peso institucional, já que o movimento reforça o compromisso com a renovação periódica do tribunal.

Contexto e repercussões

Desde o início do ano, Barroso refletia sobre a possibilidade de se afastar. O cenário internacional, marcado por tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, acabou acelerando sua decisão.

A família do ministro foi afetada por sanções do governo Donald Trump contra Alexandre de Moraes e seus aliados. As medidas atingiram indiretamente pessoas próximas a Barroso, o que o levou a priorizar a vida pessoal e novos projetos.

Consequentemente, a saída do ministro deve provocar mudanças internas no equilíbrio político do STF. Com uma nova nomeação em vista, o Palácio do Planalto já se prepara para avaliar possíveis nomes.

Trajetória e legado

Indicado por Dilma Rousseff em 2013, Barroso consolidou-se como uma das vozes mais influentes do STF. Defensor de pautas ligadas à democracia, aos direitos humanos e à transparência pública, ele se destacou por decisões que marcaram debates nacionais.

Durante sua presidência, impulsionou discussões sobre ética, liberdade de expressão e modernização da Justiça. Sob sua liderança, o STF ganhou maior visibilidade junto à sociedade. Por isso, sua saída representa o fim de um ciclo relevante para o tribunal.

Próximos passos

Com a vaga aberta, Brasília se prepara para novas articulações políticas. Fontes próximas ao Planalto afirmam que Lula deve buscar um nome técnico, com perfil conciliador e histórico de defesa institucional.

Enquanto isso, o Supremo deve manter a rotina de julgamentos sob a presidência de Fachin, até que o novo ministro seja nomeado e empossado.

Fonte: Metrópoles