Estudos científicos indicam que pessoas otimistas tendem a viver mais e com melhor qualidade de vida.
Pessoas otimistas tendem a viver mais e com melhor qualidade de vida. Essa relação, apontada por estudos científicos ao longo das últimas décadas, indica que manter uma visão positiva da vida pode reduzir riscos à saúde e contribuir para a longevidade.
Embora fatores como genética, renda e acesso à saúde sejam determinantes, pesquisadores afirmam que o modo como as pessoas lidam com o estresse e a raiva exerce influência direta sobre o organismo ao longo do tempo.
Pesquisas apontam relação entre otimismo e vida mais longa
Um dos estudos mais conhecidos sobre o tema começou na década de 1930. Na época, pesquisadores pediram que 678 freiras jovens escrevessem autobiografias ao ingressarem em conventos. Anos depois, os cientistas analisaram os textos e cruzaram os dados com os registros de saúde dessas mulheres.
A prática regular de atividade física contribui para a saúde emocional e pode favorecer uma vida mais longa.
O resultado mostrou que aquelas que expressaram mais emoções positivas, como gratidão e esperança, viveram, em média, até dez anos a mais do que as que demonstraram sentimentos negativos com maior frequência.
Além disso, um estudo realizado no Reino Unido identificou que pessoas otimistas apresentaram uma expectativa de vida entre 11% e 15% maior em comparação com indivíduos pessimistas. De forma semelhante, uma pesquisa publicada em 2022, com dados de cerca de 160 mil mulheres, revelou que as mais otimistas tinham maior chance de chegar aos 90 anos.
Controle da raiva reduz impactos no coração
Especialistas explicam que parte dessa diferença está ligada à resposta do corpo ao estresse emocional. Episódios frequentes de raiva estimulam a liberação de hormônios como adrenalina e cortisol, que sobrecarregam o sistema cardiovascular.
O estresse e a raiva frequentes podem afetar o coração e aumentar o risco de doenças cardiovasculares.
Mesmo explosões breves de irritação podem provocar alterações na pressão arterial e no ritmo cardíaco. Com o tempo, esse processo aumenta o risco de doenças como infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e diabetes tipo 2.
Por outro lado, pessoas otimistas costumam lidar melhor com situações adversas. Assim, conseguem controlar a raiva com mais facilidade e reduzem os efeitos nocivos do estresse crônico.
Estresse acelera o envelhecimento celular
A ciência também encontrou explicações em nível celular para a relação entre emoções e longevidade. Os telômeros, estruturas que protegem as extremidades dos cromossomos, encurtam naturalmente com o envelhecimento.
No entanto, estudos indicam que o estresse contínuo acelera esse encurtamento. Como consequência, as células perdem capacidade de renovação, o que contribui para o envelhecimento precoce.
Em contrapartida, pesquisas associam práticas como meditação e técnicas de relaxamento à preservação dos telômeros. Dessa forma, controlar emoções negativas pode ajudar a retardar o desgaste celular.
Otimismo favorece hábitos mais saudáveis
Manter uma visão positiva da vida está associado a melhor saúde emocional e maior longevidade.
Além do impacto emocional, pessoas otimistas tendem a adotar comportamentos mais saudáveis. Em geral, praticam mais atividade física, mantêm uma alimentação equilibrada e cuidam melhor da saúde mental.
Esses hábitos reduzem o risco de doenças cardiovasculares e fortalecem o organismo ao longo do tempo. Segundo pesquisadores, o efeito combinado do bem-estar emocional e do estilo de vida saudável explica parte da maior longevidade observada entre pessoas otimistas.
Estratégias simples ajudam a reduzir o estresse
Especialistas alertam que tentar “extravasar” a raiva por meio de gritos ou agressividade não é eficaz. Ao contrário, essas atitudes mantêm o corpo em estado de alerta e prolongam a resposta ao estresse.
Estratégias mais eficientes incluem desacelerar a respiração, praticar atividades relaxantes, reservar tempo para o lazer e desenvolver maior atenção ao momento presente. Com o tempo, essas práticas ajudam a proteger o coração e contribuem para uma vida mais longa.
Embora não seja possível controlar todos os fatores que afetam a saúde, aprender a lidar melhor com as emoções negativas e fortalecer sentimentos positivos pode fazer diferença significativa no envelhecimento e na qualidade de vida.
Fonte: BBC Brasil