Eleições 2022: 38% dos candidatos não declaram patrimônio, 12% são milionários e 1 é bilionário

Levantamento do g1 com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que os milionários estão mais presentes entre os candidatos a presidente (58%) e vice-presidente (50%). Já os sem patrimônio são 40% entre deputados estaduais e 36% entre deputados federais.

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A eleição deste ano terá 12% de candidatos milionários e 38% sem nenhum patrimônio, além de um candidato bilionário, apontam dados preliminares do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O prazo para registrar candidatura acabou na segunda-feira, mas a Justiça Eleitoral ainda não finalizou a consolidação das estatísticas. Os candidatos ainda podem alterar o valor de seu patrimônio até que o TSE consolide os dados.

Até a manhã desta quarta-feira (17), mais de 28 mil candidaturas haviam sido registradas para as eleições de outubro. Os próprios candidatos informam ao TSE sobre o patrimônio que possuem. Segundo o último relatório da Credit Suisse sobre riqueza no mundo, divulgado em 2021, o Brasil tem 207 mil pessoas com fortunas superiores a US$ 1 milhão.

Os milionários estão mais presentes entre os candidatos a presidente (58%) e vice-presidente (50%). Já os sem patrimônio são 40% entre deputados estaduais e 36% entre deputados federais. Dois candidatos à vice-presidência informaram à Justiça Eleitoral não ter bens.

O único candidato bilionário, o herdeiro do grupo Votorantim Marcos Ermírio de Moraes (PSDB), concorre pela 2ª suplência na chapa em que ex-governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) disputa a vaga de senador pelo estado.

Cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná, Emerson Cervi diz que o sistema político brasileiro “concentra melhores condições ou maior chance de sucesso eleitoral entre os mais ricos”.

“A gente tende a ter uma replicação que é quase um ciclo vicioso. Se ele tem mais patrimônio ele tende a ser eleito, e se ele é eleito ele tende a manter patrimônio”, comenta. 

Pesquisador do Centro de Estudos em Política e Economia do Setor Público (Cepesp) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Arthur Fisch diz que a proporção de milionários sempre é maior entre candidatos do que entre a população brasileira.

“Você ter mais dinheiro te dá mais segurança de fazer campanha, acaba sendo discrepante em relação ao resto da sociedade”, afirma.

Novo x PCO

O Novo segue como o partido com mais candidatos milionários proporcionalmente (27% do total), seguido pelo PSD (21%), PP (20%), União (20%) e PL (20%).

Segundo Cervi, esse maior percentual entre partidos, de direita e centro-direita, é explicado pela origem social dos quadros dessas siglas.

“São partidos que buscam candidatos numa classe, numa faixa da sociedade que tendem a ser classe média para cima. Em geral não são [candidatos] de origem popular”, afirma.

O PCB é a única sigla que não tem postulantes a cargo público com mais de R$ 1 milhão de patrimônio.

Na outra ponta da tabela, o PCO é proporcionalmente o partido com mais candidatos que disseram ao TSE ter zero patrimônio (73% do total). O PT é o que tem menos candidatos com essa categoria (17,8%), um pouco acima do Novo (18,2%), que aparece em seguida. O PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, é o terceiro em proporção de candidatos com zero bens.