Trabalhadores de usinas nucleares bloqueiam acesso às forças russas

Vídeos postados pela autoridade local mostraram uma grande multidão carregando bandeiras ucranianas bloqueando a estrada na manhã desta quarta; Caminhões de lixo também estavam sendo usados ​​para bloquear a via

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Centenas de trabalhadores e moradores bloquearam uma estrada de acesso a uma usina nuclear ucraniana perto da cidade de Enerhodar, no sudeste da Ucrânia, enquanto as forças russas avançam na área.

Vídeos postados em um perfil no Facebook da autoridade local mostraram uma grande multidão carregando bandeiras ucranianas bloqueando a estrada na manhã desta quarta-feira (2). Caminhões de lixo também estavam sendo usados ​​para bloquear a via.

“Transmitimos a posição de nossa cidade e seus moradores de que a ZNPP [Central Nuclear de Zaporizhzhia] está sob proteção confiável, que seus trabalhadores e moradores estão sob bandeiras ucranianas”, disse Dmytro Orlov, prefeito de Enerhodar, no Facebook.

“Todos os serviços municipais estão funcionando em modo emergencial. Ninguém vai entregar a cidade. As pessoas estão determinadas”, acrescentou Orlov.

Segundo o diretor-geral Rafael Mariano Grossi na terça-feira (1), a Rússia informou à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que suas forças militares assumiram o controle do território em torno da usina de Zaporizhzhia.

Exigência russa

Na terça-feira, a Rússia exigiu que os Estados Unidos retirassem suas armas nucleares de países da Europa. De acordo com a agência de notícias RIA, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, disse que “já é hora das armas americanas voltarem para casa”. “É inaceitável para a Rússia que alguns países europeus sediem as armas nucleares americanas”, acrescentou  o representante russo.

Ele também disse que o país está pronto para trabalhar com os EUA em uma “estabilidade estratégica”.

Em um discurso gravado, exibido na Conferência sobre Desarmamento em Genebra, na Suíça, o chanceler da Rússia declarou que o Ocidente não deve construir instalações militares em ex-repúblicas soviéticas.

Possíveis negociações

O Kremlin disse que as autoridades russas estão prontas para realizar uma segunda rodada de negociações com a Ucrânia nesta quarta-feira, mas não está claro se as autoridades ucranianas aparecerão.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que havia informações contraditórias sobre as negociações.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse na terça-feira (1º) que a Rússia devia parar o bombardeio de cidades ucranianas antes que as negociações pudessem ocorrer.

“Primeiro podemos tentar prever se os negociadores ucranianos aparecerão ou não. Vamos torcer para que isso aconteça. Nossos [negociadores] estarão lá e prontos”, disse Peskov a repórteres.

Peskov também disse que Moscou precisa formular uma resposta dura, ponderada e clara contra as medidas impostas aos países ocidentais para minar a economia russa.

O porta-voz russo disse que a economia da Rússia está passando por um sério golpe, mas que é sólida e que o país tem experiência em superar crises.

O primeiro encontro, na segunda-feira (28), foi encerrado sem acordo sobre um possível cessar-fogo para a guerra, que já persiste há sete dias. O assessor presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, informou a repórteres após a primeira reunião que os representantes retornariam às suas respectivas capitais antes de uma segunda rodada de negociações.

“As delegações ucranianas e russas realizaram a primeira rodada de negociações. Seu objetivo principal era discutir o cessar-fogo e o fim das ações de combate no território da Ucrânia”, disse Podolyak.

“As partes determinaram os tópicos onde certas decisões foram mapeadas. Para que essas decisões sejam implementadas como um roteiro, as partes estão retornando para consultas às suas capitais”, acrescentou.

“As partes discutiram a realização de mais uma rodada de negociações onde essas decisões podem ser desenvolvidas”, concluiu o assessor.

Ataques em Kiev

O ataque a uma torre de televisão em Kiev, capital da Ucrânia, nesta terça-feira (1º) provocou pelo menos cinco mortes. Fotos e vídeos do ataque à estrutura ucraniana postados em redes sociais foram geolocalizados e verificados pela CNN. A informação das mortes no local foi atribuído ao Serviço de Emergência do país.

Os militares russos disseram que realizariam ataques contra instalações em Kiev, alertando os civis que vivem perto das áreas a saírem. Os alvos seriam a Agência de Segurança de Estado e o 72º Centro Principal para Informações e Operações Psicológicas em Kiev.

Em uma entrevista exclusiva à CNN internacional e à Reuters, o presidente ucraniano pediu ao presidente norte-americano Joe Biden que dê uma mensagem forte e “útil” sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia em seu discurso sobre o Estado da União hoje. Zelensky concedeu a entrevista de um bunker em Kiev de onde ele está liderando a resposta de seus militares.

“É muito sério […] não estou em um filme”, disse Zelensky à CNN. “Não sou um ícone, acho que a Ucrânia é um ícone […] A Ucrânia é o coração da Europa, e agora acho que a Europa vê a Ucrânia como algo especial para este mundo. É por isso que o mundo não pode perder esse algo especial”.