Atila diz que só negacionismo explica alguém ser contra vacinas em crianças

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O microbiologista, pesquisador e influenciador digital Atila Iamarino disse hoje que somente o negacionismo explica a postura do governo federal sobre a vacinação contra a covid-19 de crianças entre 5 e 11 anos. Segundo ele, não há necessidade de realização de uma audiência pública para a decisão, já que diversas sociedades médicas já foram consultadas sobre o tema.

“Negacionismo. É a única palavra que eu sei usar para rotular isso que está acontecendo. Os resultados que a Pfizer apresentou nos Estados Unidos e aqui, no Brasil, dos testes de segurança já eram suficientes para aprovação dessa vacina para uso permanente”, disse, em entrevista à Globo News.

Átila garantiu que as pesquisas feitas com crianças foram “muito detalhadas”. Ele também ressaltou que nos EUA já há “milhões de crianças vacinadas sem efeito adverso grave registrado.”

“A Anvisa deu o parecer deles. Eles chamaram sociedades de pneumologia, de pediatria, de infectologia, de imunização. Todas as sociedades deram parecer unânime de que a vacina é segura e deve ser usada”, afirmou. “O que o ministro está fazendo agora é negacionismo. Ele não está agindo pela saúde pública como ele diz que age.”

O uso de imunizante da Pfizer para o público infantil já foi autorizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Apesar disso, a decisão de incorporar ou não a vacina infantil da Pfizer ao calendário vacinal brasileiro cabe apenas ao Ministério da Saúde.

Governo federal não tem plano para vacinar crianças

No último sábado (18), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que a pasta fará uma audiência pública em 4 de janeiro de 2022 para discutir a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos contra a covid-19. Já a decisão final, será divulgada no dia seguinte, em 5 de janeiro.

Queiroga tem defendido que não é consensual a vacinação contra a covid em crianças. No entanto, a afirmação do ministro vai contra a decisão da Anvisa, bem como a defesa de especialistas e sociedades médicas, que comemoraram a recomendação e alertam sobre a importância da proteção para crianças.

Ontem, a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19, ligada ao Ministério da Saúde, desmentiu o ministro e manifestou apoio unânime à imunização do público infantil com a vacina da Pfizer. A manifestação ocorreu após reunião do grupo, formado por médicos e pesquisadores, na última sexta-feira (17).

“Tendo em vista o recente parecer favorável por parte da Anvisa em relação ao pedido de autorização para aplicação da vacina desenvolvida pela fabricante Pfizer na população pediátrica entre 5 e 11 anos de idade no Brasil, a CTAI Covid-19 manifestou-se unanimemente favorável à sua incorporação na campanha nacional de vacinação, em reunião ordinária realizada no dia 17 de dezembro de 2021”, informa a Câmara em nota pública.

O discurso do ministro tem ido na direção do que prega o presidente Jair Bolsonaro (PL). Contrário à vacinação de crianças, ele chegou a ameaçar divulgar nomes dos técnicos da Anvisa que trabalharam na aprovação de uso do imunizante para os pequenos.