Assista AO VIVO: Líder de Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros depõe à CPI sobre Covaxin

452

video
play-sharp-fill
Citado por Luis Miranda (DEM-DF) como o nome dito por Jair Bolsonaro (sem partido) como associado a um possível escândalo na compra da vacina Covaxin, o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), depõe hoje à CPI da Covid a partir das 9h30.

De acordo com o depoimento do deputado e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, o presidente teria dito a eles após ser alertado de problemas contratuais no processo de aquisição do imunizante indiano: “Isso é coisa de um fulano”. À Comissão, as testemunhas declararam tratar-se Barros, possível articulador de esquema que visava atropelar procedimentos burocráticos e acelerar a importação da Covaxin. 

Ao UOL, Barros se disse “tranquilo” em relação ao depoimento, quando irá prestar “esclarecimentos sobre ilações e mentiras” não especificadas por ele. 

O acordo em questão foi assinado em fevereiro deste ano ao custo de R$ 1,6 bilhão, mas nenhum imunizante chegou a ser entregue. Após indícios de irregularidades, o contrato foi suspenso pelo Executivo federal. 

Segundo Luís Miranda, houve pressão interna para que as tratativas fossem aceleradas. A conversa com o presidente teria acontecido em 20 de março. 

O líder governista negou ter cometido qualquer irregularidade e, desde que foi envolvido na investigação da compra da Covaxin, vinha pleiteando depor o quanto antes à CPI para dar a sua versão sobre os fatos. Pelas redes sociais, o deputado tem se colocado como vítima de uma disputa política. 

Senadores governistas relataram ao UOL acreditar que a cúpula da CPI não marcou o depoimento de Barros antes do recesso parlamentar, em julho, para que outros depoentes pudessem falar mais sobre a situação do líder no caso Covaxin e “deixar o governo sangrar”. 

Senadores de oposição, por sua vez, defenderam que esperavam apurar mais elementos na investigação em curso para subsidiar os questionamentos a Barros. 

Ontem, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que Ricardo Barros deve estar preparado “com a verdade” e argumentou que a comissão não promove perseguições. 

O autor do requerimento, senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), descreveu o pedido de convocação de Barros da seguinte forma: 

“No dia 25 de junho do corrente ano, o senhor Luis Claudio Fernandes Miranda, deputado federal pelo Distrito Federal, foi ouvido por esta comissão e declinou o nome do senhor Ricardo Barros, deputado federal e líder do governo na Câmara dos Deputados, na condição de participante mencionado pelo próprio presidente da República no cometimento de potenciais ilícitos no contexto de negociação e compra da Covaxin”. 

No ofício em que chama Barros a depor, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), afirma ser um convite, não uma convocação. A diferença é que, na primeira situação, a pessoa não é obrigada a comparecer. Na segunda, sim. De todo modo, a presença do líder é esperada para hoje. 

As negociações envolvendo a vacina Covaxin constituem uma das principais linhas de investigação da CPI da Covid. 

O negócio com o laboratório indiano Bharat Biotech foi intermediado pela Precisa Medicamentos, cujo dono, Francisco Emerson Maximiano, possui outras empresas que já prestaram serviços para o governo em circunstâncias às quais recaem suspeitas. 

É o caso da Global Saúde, que, em 2017, acertou contrato para vender medicamentos ao Ministério da Saúde e jamais entregou os produtos. À época, a pasta era chefiada por Ricardo Barros no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB). 

Em 2019, quando cobrava a devolução da verba, o ministério afirmou que a Global havia usado “expedientes procrastinatórios e obscuros” e induzido o governo a acreditar que os medicamentos seriam entregues. 

Durante o depoimento de hoje, além de questionamentos relacionados às revelações feitas pelos irmãos Miranda, Barros também será cobrado a explicar as suspeitas quanto ao contrato firmado com a Global Saúde e a negligência da empresa na execução do acordo. Dos R$ 20 milhões que foram negociados, apenas R$ 2,8 milhões teriam sido ressarcidos aos cofres públicos. 

Barros, a Global e servidores da Saúde à época respondem a uma ação de improbidade por causa dos medicamentos não entregues. O MPF (Ministério Público Federal) aponta que houve favorecimento à empresa.