‘Caso o presidente venha a me convidar, eu vou aceitar esse papel com a maior alegria’, diz Renato Feder sobre a possibilidade de assumir o MEC

Renato Feder é secretário de Educação do Paraná e é um dos nomes cogitados para assumir o Ministério da Educação pelo presidente Jair Bolsonaro após a saída de Abraham Weintraub.

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O secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, disse, nesta quarta-feira (24), que se houver o convite oficial para assumir o Ministério da Educação (MEC), ele vai aceitar com muita alegria.

“Caso o presidente venha a me convidar, eu vou aceitar esse papel com a maior alegria. E por ter uma admiração muito grande pelo presidente Jair Bolsonaro”, disse.

O secretário e o presidente se reuniram na terça-feira (23), em Brasília. Bolsonaro, segundo Feder, quis saber sobre projetos implantados pelo Paraná que podem ajudar no desenvolvimento da educação brasileira e também sobre os desafios que o MEC tem pela frente.

A conversa durou aproximadamente uma hora e meia, segundo o secretário.

O cargo de ministro da Educação está vago desde a saída de Abraham Weintraub. Ele deixou o governo após se envolver em uma série de polêmicas e de ofender ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Contra Weintraub ainda pesam duas investigações na Corte: uma apura a ofensa aos ministros do tribunal e a outra a suspeita de declarações racistas contra o povo chinês.

O Ministério da Educação é conduzido interinamente por Antonio Paulo Vogel de Medeiros, que ocupava o cargo de secretário-executivo.

“Tivemos uma conversa muito boa, muito focada em educação. O presidente Jair Bolsonaro se mostrou muito interessado no que o Paraná tem feito pra melhorar a educação da população e dos nossos jovens”, disse Renato.

Segundo o secretário, Bolsonaro visitou o Japão, Taiwan, Coreia do Sul, e gostaria de saber o que o Brasil precisa fazer para caminhar e ser um país desenvolvido em educação.

Tema principal da conversa

“Eu acredito que adotando as medidas corretas, apoiando os municípios, os estados, é possível transformar o Brasil em uma potência educacional com boas práticas, com boa gestão, a gente consegue aumentar muito a qualidade do ensino público no Brasil”, acrescentou Feder.

Ele disse que esse foi o tema principal da conversa com o presidente.

“Eu me senti realmente entrevistado. O que me deixou muito satisfeito porque eu pude ver no presidente uma preocupação em querer escolher uma pessoa, independente de ser eu o escolhido, ima pessoa que realmente coloque o Brasil na direção certa pra que a gente se torne uma potência educacional. Esse eu acho que é o desejo mais íntimo do presidente , que o Brasil possa se orgulhar do sistema público de educação”, disse.

Chamada escolar pelo celular

Segundo Feder, os assuntos tratados no encontro foram muito mais focados na caminhada técnica e pedagógica de apoio aos municípios.

“Então, por exemplo, aqui no Paraná, um dos assuntos que a gente tratou foi a adoção de uma ferramenta que ajudou muito na educação. O professor passou a fazer a chamada pelo celular, e isso facilitou a vida do professor porque, em vez de ele ter que anotar no caderninho a chamada e depois passar para o computador, ele já faz no celular”, explicou.

“O grande benefício é de que a gente consolida essas informações e entrega para o diretor da escola quais os alunos que estão faltando nos últimos dias e quais as séries onde está havendo mais problemas. E aí o diretor consegue ver mais rapidamente onde pode ter um problema na escola dele. Antes da chamada pelo celular, um diretor ia ver em maio, por exemplo, quem estava faltando em fevereiro. Só que aí a evasão já ocorreu”, explicou.

Segundo Feder, quando houve a adoção da medida da chamada pelo celular, houve um acréscimo de 6% de todos os alunos da rede. “Setenta mil alunos passaram a frequentar mais a escola no Paraná. Nós tivemos muita escolas com 90%, 95% de frequência, que é o mesmo padrão que os países internacionais”, disse.

Em resumo, a medida, segundo o secretário, trouxe menos evasão, menos reprovação e mais qualidade de ensino. “Então, o MEC deveria oferecer isso de graça para as secretarias municipais e estaduais. Isso é totalmente possível, barato e rápido de fazer. São aplicativos e gerenciamento das informações.

Valorização dos gestores educacionais

“Outro tipo de apoio que o MEC deveria fazer é focar nos gestores educacionais, nas diretoras, nos diretores, que muitas vezes são professores bem formados, pedagogos, mas que não se prepararam para a gestão escolar. E o papel das diretoras e dos diretores é essencial na educação”, afirmou o secretário de Educação.

O retorno das aulas

Sobre a paralisação das aulas por causa da pandemia, Feder declarou que Bolsonaro não tem preocupação em retornar as aulas no atual momento, mas sim em como voltar para atender as famílias e os alunos de uma maneira que minimize os riscos da saúde das famílias.

“A conversa que a gente teve foi, principalmente, sobre o que os outros países estão fazendo. Muitos países da Europa já abriram suas escolas, outros ainda não. A principal medida, a discussão, é para saber qual a quantidade ideal para o fornecimento de itens de higiene como máscaras, álcool gel. Então, o ministério, sim, deve ajudar as secretarias estaduais na aquisição, na compra e no fornecimento desses itens”, disse.

Feder disse que, se as aulas retornarem, existe uma preocupação por parte do presidente sobre o percentual ideal para o retorno. “Então, tem muitas medidas que minimizam o risco de contaminação”, ressaltou.

Ele disse ainda que o papel no MEC não é impor a volta as aulas, mas, sim, conversar com as secretarias municipais e de educação. “Cada estado tem a sua situação e sua autonomia”, destacou Feder.

Privatização do ensino público

Sobre a possibilidade de privatização do ensino público, o secretário afirmou discordar do assunto.

“Isso não deve acontecer. Todos os estudos, a experiência com voucher se mostraram ineficazes. O Chile tentou, alguns países europeus tentaram, vários estados norte-americanos também tentaram a política de voucher e em nenhum lugar, o voucher se mostrou como uma política de sucesso. Então, realmente, não faz sentido eu defender essa política e eu sou, hoje, contra essa política de privatizar ou de ter vouchers na educação”, esclareceu.

Escolas Cívico-Militares

Feder disse que o assunto também foi discutido com Bolsonaro no encontro de terça.

“A visão, tanto do presidente, quanto a minha, é de que o Brasil tem 150 mil escolas públicas aproximadamente. É um número muito grande. São quase 40 milhões de alunos estudando. O percentual de escolas militares ou cívico-militares é muito pequeno, não chega a um por cento dos alunos em escolas militares ou cívico-militares. E um percentual muito maior da sociedade, gostaria de ter seus filhos estudando em escolas cívico-militares. Então, o papel do governo é atender a população democraticamente”, afirmou.

O Paraná está ampliando o número de escolas cívico-militares, mas sempre escutando a população, de acordo com o secretário.