CADEIA: Ativista SARA WINTER é Presa Pela Polícia Federal, em Brasília

Mandado de prisão é autorizado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes e ocorre dentro de inquérito que investiga movimentos antidemocráticos. G1 tenta contato com defesa.

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Revista Veja Matéria: Acampamento " 300 do Brasil". Personagem: Sara Winter, líder do acampamento 300 do Brasil. Foto: Cristiano Mariz Data: 02/06/2020 Local: Esplanada dos Ministérios - Brasília - DF

A ativista Sara Winter foi presa pela Polícia Federal, em Brasília, na manhã desta segunda-feira (15). A prisão foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Winter é líder do grupo 300 do Brasil, de apoio ao presidente Jair Bolsonaro.

A prisão ocorre dentro do inquérito que investiga os movimentos antidemocráticos e não tem relação com a investigação sobre Fake News. 

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Winter x Moraes em 27/05/2020 

Em um vídeo de 30 minutos, a ativista, que foi alvo de busca e apreensão na operação desta quarta-feira da Polícia Federal, fez duros ataques ao ministro Alexandre de Moraes, que autorizou a ação. Sara afirma após a ida de policiais a sua casa que descobrirá tudo sobre a vida do magistrado. “Nunca mais vai ter paz na sua vida”

 

Ao todo, outras cinco pessoas foram presas. As identidades não haviam sido divulgadas até a publicação desta reportagem.

Ao autorizar a abertura do inquérito, em maio, Moraes disse que “é imprescindível a verificação da existência de organizações e esquemas de financiamento de manifestações contra a Democracia e a divulgação em massa de mensagens atentatórias ao regime republicano, bem como as suas formas de gerenciamento, liderança, organização e propagação que visam lesar ou expor a perigo de lesão os Direitos Fundamentais, a independência dos Poderes instituídos e ao Estado Democrático de Direito, trazendo como consequência o nefasto manto do arbítrio e da ditadura”.

Nas redes sociais, o perfil do grupo 300 dos Brasil publicou a prisão.

Grupo 300 do Brasil divulgou a prisão de Sara Winter pelas redes sociais — Foto: Instagram/Reprodução

Fogos de artifício no STF

No último sábado (13), cerca de 30 apoiadores do presidente Bolsonaro lançaram fogos de artifícios contra o prédio do STF.

A ação durou ao menos cinco minutos. Os apoiadores do presidente ofenderam com xingamentos pesados os ministros da Corte, inclusive o presidente Dias Toffoli. Em tom de ameaça, perguntavam se os ministros tinham entendido o recado e mandaram que eles se preparassem.

Ofenderam também o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que os desalojou de um acampamento na Esplanada dos Ministérios. Esse grupo de apoiadores do presidente Bolsonaro prega o fechamento do STF e do Congresso.

O ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no STF sobre disseminação de fake news e ofensas a autoridades, também repudiou agressões ao estado democrático de direito neste domingo.

“O STF jamais se curvará ante agressões covardes de verdadeiras organizações criminosas financiadas por grupos antidemocraticos que desrespeitam a Constituição Federal, a Democracia e o Estado de Direito. A lei será rigorosamente aplicada e a Justiça prevalecerá”, publicou em uma rede social.

Ligação com movimentos feministas

Hoje apoiadora do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e contra o movimento feminista, em 2014 Winter entrou com pedido de cassação do mandato de Bolsonaro, quando o atual mandatário do país atuava como deputado. Na época, Bolsonaro havia declarado que “não estupraria a ex-ministra Maria do Rosário porque ela não merece”.

Winter ficou conhecida anos antes, em 2012, quando participava do Femen, grupo feminista de origem ucraniana que organizou protestos na Eurocopa.

Seguindo os passos do Femen, em 2013, Sara também organizou manifestações pela não realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Ela chegou a ser detida em uma das manifestações por ato obsceno e por chamar policiais de “assassinos”.