Estimativa é que 300 pessoas morram por coronavírus em Roraima, diz governador em meio à colapso na Saúde

Estado contabiliza 139 óbitos em razão da Covid-19. Antonio Denarium (sem partido) lamentou por cada vida perdida e disse que o 4º e 5º secretários de Saúde atrapalharam o governo no combate à pandemia.

369

Em meio ao colapso na Saúde de Roraima que ocorre durante os casos de coronavírus, o governador Antonio Denarium (sem partido) contou ao G1 em entrevista exclusiva nesta sexta-feira (5) que a estimativa é de cerca de 300 mortes por Covid-19 no estado até o fim da pandemia.

Roraima soma até a tarde desta sexta 139 mortes provocadas pela Covid-19. Outras 30 mortes estão em investigação para confirmar a causa. Os dados foram atualizados na noite desta quinta, quando os casos confirmados chegaram a 4.831.

“No final da pandemia podemos chegar a cerca de 300 mortes por Covid-19 [no estado]. Estamos trabalhando para que este número seja o menor possível, uma vida é uma perda muita grande. Infelizmente, o sistema de saúde do mundo inteiro não estava preparado para isso”, disse Denarium.

Denarium disse ainda que, nesta sexta, havia 250 pacientes com Covid-19 internados no Hospital Geral de Roraima (HGR). Este é o único hospital habilitado para atender casos da doença no estado. O número de internados está acima da capacidade da unidade, sendo que o hospital possui 150 leitos destinados para casos de coronavírus: 112 para internação e 38 para UTI.

Na quinta-feira (4), a unidade recebeu mais 30 leitos de UTI, 20 monitores, 10 ventiladores e 2 ventiladores de transporte.

Desta maneira, a rotina da unidade segue com leitos lotados e corredores cheios de pacientes à espera de atendimento. Na terça-feira (2), um idoso morreu por falta de leito.

Boa Vista já chegou ao pico de contágio do novo coronavírus, o que agrava a situação. A afirmação foi feita pela prefeita Teresa Surita (MDB) em 26 de maio, quando a capital atingiu 1.924 casos e 83 óbitos. Segundo a prefeitura, o período crítico deve durar até 10 de junho na capital.

“Muitos subestimaram o problema e eu tive dificuldades com os dois secretários de saúde anteriores. Foram um problema na minha vida porque não cumpriram as minhas determinações e se envolveram em desvio de conduta, o que me atrapalhou demais, meu Deus do céu”.

Denarium se refere aos secretários de saúde Allan Quadros Garcês e Francisco Monteiro, quarto e quinto secretários na gestão do governador. Garcês foi exonerado depois de demitir Monteiro, que na época era adjunto da pasta.

Já Francisco Monteiro foi demitido após se envolver em um escândalo de suposto superfaturamento na compra de respiradores mecânicos em meio à pandemia de coronavírus. Ele fechou um contrato de 30 respiradores por mais de R$ 6 milhões.

“As últimas denúncias que tiveram, quem fez fui eu. Ainda, exonerei o secretário e nove servidores em um dia só. Agora, o Ministério Público está investigando as irregularidades e as denúncias sobre EPI’s superfaturados. Nada desses equipamentos foi pago, suspendi todos os pagamentos”, afirmou Denarium.

Tanto Monteiro, quanto a empresa que deveria fornecer os aparelhos tiveram os bens bloqueados no valor de de R$ 6.464.730, equivalente ao contrato fechado na compra de respiradores.

O sexto secretário de Saúde, coronel Olivan Junior, foi nomeado como um interventor para levantar possíveis contratos irregulares da pasta. Nesta sexta-feira (5), ele foi substituído por Marcelo Lopes, indicado pela Assembleia Legislativa de Roraima em um pacto de governabilidade com Denarium.

Nos últimos dias, Roraima tem batido recordes de casos novos. Na quinta-feira, foram registrados 348 infectados e o estado chegou a 4.831 casos e 139 mortos. Há ainda 30 óbitos em investigação para descobrir a causa.