Governo Maduro critica ordem do Itamaraty para que diplomatas da Venezuela deixem o Brasil e diz que ‘não abandonará funções’

Chancelaria venezuelana acusa governo brasileiro de manobrar para 'iludir opinião pública'. Equipe diplomática e consular do país vizinho tem até 2 de maio para se retirar do Brasil.

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O regime de Nicolás Maduro criticou nesta quinta-feira (30) uma determinação do Itamaraty para que diplomatas venezuelanos deixem o Brasil até 2 de maio (entenda o caso mais adiante na reportagem). Em nota, o governo chavista disse que “o pessoal diplomático e consular da Venezuela não abandonará suas funções”.

Em comunicado, a Venezuela diz que a determinação do Ministério das Relações Exteriores tem como “único propósito iludir a opinião pública desse país [Brasil] para dissimular sua aberta subordinação ao governo dos Estados Unidos que hoje rege a outrora prestigiosa política externa brasileira”.

A nota também acusa o governo brasileiro em ter “manobrado para provocar o fechamento técnico dos escritórios consulares da Venezuela no Brasil logo depois de ter abandonado seus próprios compatriotas com a retirada unilateral do pessoal diplomático e consular do Brasil na Venezuela”.

O G1 procurou o Itamaraty para comentar as acusações do governo venezuelano, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

Entenda o caso

O ofício do Ministério das Relações Exteriores, enviado na terça-feira (28) à embaixada venezuelana, informa que os diplomatas e servidores da representação diplomática em Brasília e dos consulados deverão deixar o Brasil até este sábado.

Segundo apurou a TV Globo, os diplomatas que permanecerem no país após 2 de maio serão considerados “persona non grata”, perdendo as proteções diplomáticas.

Em março, o governo federal publicou uma portaria no “Diário Oficial da União” que removeu os diplomatas brasileiros que trabalhavam no país vizinho.

Conforme o colunista do G1 e da GloboNews Valdo Cruz, ao publicar a portaria, o Brasil esperava da Venezuela a mesma atitude. A TV Globo apurou que, na ocasião, o Brasil negociou o prazo de 2 de maio com o governo venezuelano.

Bolsonaro x Maduro

O presidente Jair Bolsonaro defende a saída do poder do presidente venezuelano Nicolás Maduro.

O governo Bolsonaro considera o governo de Nicolás Maduro ilegítimo e reconhece como chefe de Estado o autodeclarado presidente venezuelano Juan Guaidó, opositor de Maduro.

O presidente brasileiro já recebeu Guaidó no Planalto e reconheceu oficialmente María Teresa Belandria como embaixadora da Venezuela no Brasil. Guaidó a designou para essa função.