Após vídeo de corpos ao lado de internados, hospital de Manaus recebe câmara frigorífica para mortos por Covid-19

Pacientes com suspeita do novo coronavírus estão sendo internados no Hospital João Lúcio para poupar leitos em centro de referência de tratamento, que está funcionando na capacidade máxima operacional.

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Após um vídeo mostrar corpos de mortos com suspeita de Covid-19 espalhados por macas ao lado de pacientes vivos e internados, o Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio, na Zona Leste de Manaus, recebeu a instalação de um contêiner frigorífico na madrugada desta sexta-feira (17) para dar apoio na estrutura de armazenagem de corpos no local, que sofre com falta de espaço.

O Governo do Amazonas diz que a câmara vai acondicionar corpos de mortos por Covid-19. O estado tem, até esta quinta-feira (16), 1.719 casos do novo coronavírus – e 124 pessoas já morreram.

O João Lúcio não é o primeiro hospital a receber a instalação de câmara frigorífica. O Hospital Delphina Aziz, centro de referência para tratamento do coronavírus em Manaus, instalou uma câmara no seu estacionamento no início do mês. À época, o Amazonas ainda tinha 12 mortes confirmadas.

Câmara frigorífica foi instalada ao lado de necrotério do hospital João Lúcio, em Manaus — Foto: Carolina Diniz

A instalação da câmara, que vai “desafogar” a superlotação do necrotério do João Lúcio, aconteceu durante a madrugada desta sexta-feira, após viralizar o vídeo que mostra corpos em saco plásticos deixados em leitos ao lado de pacientes em tratamento. Os mortos estavam com suspeita de Covid-19. O motivo dos corpos estarem no mesmo ambiente que outros pacientes não foi divulgado pela unidade de saúde, ou pela secretaria.

G1 conversou com alguns funcionários do HPS João Lúcio. Eles disseram que o necrotério da unidade estava superlotado, por isso os corpos eram mantidos nos leitos do hospital.

Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do Estado (Susam) informou que a instalação do contêiner foi necessária para evitar a permanência dos corpos dentro do hospital durante o período em que as famílias são avisadas “com a dignidade e o cuidado necessário, e assim possam providenciar o breve funeral e sepultamento”.

O HPS João Lúcio tem recebido pacientes com síndromes respiratórias agudas graves, entre elas casos suspeitos de Covid-19, até que se conclua a total montagem de leitos no HPS Delphina Aziz, que já funciona em sua máxima capacidade operacional. Com a capacidade ampliada do Delphina e o reforço dos leitos do hospital de retaguarda, o HPS João Lúcio ficará exclusivo para o atendimento de urgência e emergência para suporte da rede.

A Susam informou ainda que os pacientes que vieram à óbito entre a noite de quarta e a manhã desta quinta-feira (16), no HPS João Lúcio, “receberam assistência adequada, manejo clínico de acordo com as suas necessidades, medicação e oxigênio”. Desses pacientes, oito tinham idade acima de 60 anos e seis tinham comorbidades severas, conforme a nota.

Corpos ao lado de pacientes

Um vídeo que viralizou nas redes sociais mostra que 14 corpos de pacientes com suspeita do novo coronavírus estavam posicionados ao lado de pacientes internados no Hospital Pronto Socorro João Lúcio. Até o início da noite desta quinta-feira, apenas cinco corpos já haviam sido liberados.