Huck quer um lugar no caldeirão de 2022

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Foi o discurso possível que a essa altura alguém se arriscaria a fazer como aspirante a candidato à sucessão do presidente Jair Bolsonaro. Se lhe perguntarem se será, negará. É de praxe.

Em seminário promovido pela revista Exame, em São Paulo, diante de uma plateia de executivos de empresas, o apresentador do Caldeirão do Huck falou como se só pensasse naquilo.

Descreveu-se como uma pessoa “com a cabeça aberta”. Disse que o Brasil precisa se debruçar sobre problemas urgentes como a falta de mobilidade social e o atraso na educação.

Contou histórias sobre pessoas que conheceu ao viajar pelo país para as gravações do seu programa na Rede Globo de Televisão, e afirmou que “se a gente não fizer nada, este país vai implodir”.

Explicou: “Eu não convivo bem com a polarização. Eu não sou um cara do grito, de falar alto. Eu não enxergo as pessoas que pensam diferente de mim como inimiga”.

Parte da plateia agitou-se  ao ouvir: “A gente não acha que vai discutir redução de desigualdade ou solução para favela com um monte de gente branca, rica, sentada numa mesa na Faria Lima”.

E convocou o que chamou de elite a abandonar a indiferença e “colocar a mão na massa” para buscar uma transformação no país. Advertiu, cuidadoso, como quase todo político costuma fazer:

– Isso não é um projeto pessoal, isso não é um projeto de poder, isso não é um projeto político. É um projeto de país.

Sobre o governo Bolsonaro, só uma frase: “A agenda econômica deste governo é correta”. Mas não se recusou a alfinetar Lula e o prefeito Marcelo Crivella, do Rio.

“A gente precisa de uma narrativa conciliadora no Brasil. Não dá para ficar brigando com todo mundo, discutindo, iludindo as pessoas. E, olha, não é de hoje. Já usaram muito a retórica do ‘nunca antes na história deste país’. Não é verdade.”

“De coração, acho que o povo para valer não está preocupado com como é que é o desenho do casal que está no gibi da Marvel. As pessoas querem saber como a vida delas pode melhorar de verdade. É só isso”.

Arderam as orelhas do governador João Doria (PSDB-SP) que sonha em ser o candidato da direita para desbancar Bolsonaro na eleição de 2022.