Lava Jato Fez Conta Sobre Chance de Impeachment de Gilmar: ‘Dá pra sonhar?’

Procuradores se entusiasmaram com nova composição do Senado. Mensagens também mostram que corregedor reprovou conduta de Deltan na divulgação de palestra

534

Novas mensagens privadas trocadas entre procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato no Telegram mostram que eles se entusiasmaram com a possibilidade do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes sofrer um impeachment. A empolgação se deu em função do resultado do primeiro turno da eleição no Senado, a Casa Legislativa a quem compete processar e julgar um ministro do Supremo segundo a Constituição. As mensagens foram obtidas pelo site The Intercept Brasil e divulgadas nesta quinta-feira pelo portal Uol e o jornal Folha de S. Paulo.

“Dá pra sonhar com o impeachment do gm (Gilmar Mendes)?”, perguntou o procurador Diogo Castor no dia 7 de outubro de 2018. “Sonhar sempre pode, Diogo. Mas não tem chance de se concretizar”, respondeu a procuradora Laura Tessler, mais pessimista.

No dia seguinte, o procurador Roberto Galvão voltou ao tema. “Olha aí. Agora sim, pela primeira é possível sim de se pensar em costurar um impeachment de Gilmar. Mas algo pensado e conversado e não na louca sem saber onde vai dar”, digitou. Diogo Castor, então, começou a fazer as contas de quantos votos se teria para conseguir afastar Gilmar. “Precisamos de 54 senadores. Se tem 11 comprometidos com as medidas contra a corrupção. Faltam 43 de 70”, disse.

A nova composição no Senado já tentou abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar condutas irregulares dos ministros da Corte, a chamada Lava Toga. O pedido foi protocolado, mas não foi adiante por pressão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e integrantes do governo Bolsonaro.