Indígenas invadem prefeitura

Protesto contra municipalização da saúde

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Indígenas da etnia guarani que vivem no Jaraguá, zona norte da cidade de São Paulo, invadiram na manhã desta quarta-feira, 27, o saguão da sede da Prefeitura de São Paulo, no centro. O protesto é contra a municipalização da saúde indígena e o que chamam de “sucateamento” da Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai), ligada ao Ministério da Saúde.

Segundo lideranças guarani, os povos indígenas correm risco de morte após o governo federal ter cortado o pagamento dos funcionários que prestam serviços de saúde. A ameaça estaria ligada à falta de pagamento às empresas que fornecem mantimentos básicos para o socorro médico às aldeias.

A ocupação começou por volta das 9h30, quando um grupo que cantava e dançava em frente ao prédio conseguiu entrar no local. Pintado e com instrumentos musicais, lanças e arco e flecha, ele chegou a se instalar no saguão.

A Guarda Civil Metropolitana (GCM) retirou o grupo. Segundo relatos, foi usado spray de pimenta e violência física. Os guardas que estão na Prefeitura negaram.

O grupo conseguiu uma promessa de audiência na Secretaria da Saúde para discutir o tema. Antes da reunião, fez uma reza para “alcançar inspiração”. Até o início da tarde desta quarta-feira, a reunião não aconteceu. Os índios querem a presença do prefeito, que está em agenda externa. A decisão do grupo é acampar na frente à Prefeitura.

Em nota, o grupo indígena disse que o ato “está incluído nas ações da Semana de Mobilização Nacional contra a municipalização da saúde Indígena e o sucateamento da SESAI- Secretaria Especial de Saúde Indigena, convocada pela APIB- Articulação dos Povos indígenas do Brasil”.

“Convênios com organizações civis não foram pagos; distritos sanitários estão sem medicamentos, transporte e vacinas. Indígenas em todo o país estão sem planos de assistência à saúde e, por isso, correm risco de morte. A ameaça está ligada à falta de pagamento do governo federal as empresas que fornecem mantimentos básicos para o socorro médico para as aldeias”, diz a nota.

“Ocupando o Prédio da Prefeitura, o povo guarani exige que a prefeitura reconheça que o município não tem condições de assumir a oferta de uma saúde diferenciada aos povos indígenas, direito assegurado pela Constituição Federal. Vários atos semelhantes estão acontecendo em todo Brasil e o movimento indígena nacional, afirma que não recuarão enquanto o governo federal não mudar sua postura desrespeitosa em relação a saúde indígena.”