Frutas e hortaliças analisadas pela Anvisa com resíduos irregulares de agrotóxicos
Análise da Anvisa identificou resíduos irregulares de agrotóxicos em alimentos consumidos no Brasil

Resíduos irregulares de agrotóxicos aparecem em 20,6% dos alimentos analisados no Brasil, de acordo com levantamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A divulgação ocorreu nesta terça-feira (17) e integra o ciclo 2024 do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA). Anvisa encontra agrotóxicos irregulares em 20% dos alimentos, o que destaca a importância do monitoramento contínuo.

Apesar de a maioria das amostras cumprir os limites legais, o estudo acende um alerta relevante. Em especial, 12 amostras apresentaram potencial risco agudo ao consumidor. Nessas situações, o consumo em grande quantidade, ainda que em curto período, pode gerar efeitos adversos à saúde.

Fiscalização ampliada em todo o país

Durante todo o ano de 2024, técnicos da Anvisa avaliaram 3.084 amostras de 14 alimentos amplamente consumidos pela população brasileira. Para garantir abrangência nacional, as equipes realizaram coletas semanais em 88 municípios, passando por supermercados, feiras livres e sacolões.

Ao final do monitoramento, 636 amostras receberam classificação insatisfatória. Em grande parte das ocorrências, os problemas envolveram falhas no uso de defensivos agrícolas. Em determinados casos, produtores utilizaram substâncias não autorizadas. Já em outras situações, as concentrações superaram os limites permitidos pela legislação.

Entre as irregularidades identificadas, destacam-se:

  • resíduos não autorizados para a cultura analisada, em 12,2% das amostras;

  • níveis acima do Limite Máximo de Resíduos (LMR), em 5,6%;

  • presença de agrotóxicos proibidos no Brasil, em 0,1%.

Alimentos com maior concentração de risco

Quando a análise se restringe às amostras com risco agudo, três alimentos concentram os registros mais preocupantes. Nesse recorte específico, surgem uva, laranja e abobrinha, todos presentes com frequência na alimentação diária dos brasileiros.

De forma mais detalhada, o risco apareceu em seis amostras de uva, cinco de laranja e uma de abobrinha. Além disso, os técnicos identificaram ingredientes ativos como abamectina, bifentrina, carbofurano, etefom, formetanato e imazalil. Quando acima do permitido, essas substâncias podem provocar efeitos adversos ao organismo humano.

Indicadores mostram redução do risco imediato

Mesmo diante das irregularidades, os dados apontam uma tendência consistente de queda no risco agudo ao longo dos anos. Entre 2013 e 2015, esse índice alcançava 1,11%. Em 2024, entretanto, caiu para 0,39%, ainda que o monitoramento tenha sido ampliado.

Segundo avaliação da própria Anvisa, esse avanço resulta do fortalecimento das ações de fiscalização. Além disso, o acompanhamento contínuo permite corrigir falhas na cadeia produtiva. Ainda assim, o órgão ressalta que a vigilância precisa permanecer constante.

Cuidados essenciais para o consumidor

Diante dos resultados, a Anvisa esclarece que os alimentos analisados não devem ser considerados inseguros de forma generalizada. Ainda assim, o órgão orienta atenção diária à higienização e à escolha dos produtos.

Entre as principais recomendações estão lavar frutas e hortaliças em água corrente, utilizar bucha ou escovinha exclusiva para limpeza, priorizar alimentos da estação, optar por produtos com origem identificada e rastreável e higienizar com solução à base de hipoclorito para reduzir riscos microbiológicos. Por outro lado, a agência ressalta que esse procedimento não elimina resíduos químicos, embora ajude a reduzir outros riscos à saúde.

Próximas etapas do programa

Além do monitoramento contínuo, o PARA já contribuiu para a retirada de mais de 100 produtos do mercado. Paralelamente, o programa apoiou a reavaliação de 17 agrotóxicos, o que resultou no banimento de dez substâncias e na aplicação de restrições a outras seis.

Para 2025, está previsto um novo ciclo do programa, com ampliação do número de amostras e foco em alimentos de grande consumo. Dessa forma, a Anvisa busca reforçar a segurança do que chega diariamente à mesa do consumidor brasileiro.

Fonte: Olhar Digital