DNA com rupturas luminosas sendo analisado por elementos visuais de inteligência artificial em fundo azul científico.
Ilustração mostra rupturas na estrutura do DNA destacadas por IA, conceito ligado a falhas genômicas que podem favorecer o câncer.

A ciência começa a enxergar o câncer por um ângulo diferente. IA expõe quebras no DNA ligadas ao câncer, que são mais importantes do que se imaginava. Em vez de olhar apenas para mutações genéticas, pesquisadores agora identificam como pequenas rupturas no DNA podem alterar a arquitetura do genoma e favorecer a formação de tumores. Essa descoberta, apresentada na ASH 2025, reforça que rupturas no DNA e câncer estão mais interligados do que se imaginava.

A estrutura 3D do DNA como gatilho do câncer

Segundo o estudo liderado por Martin Rivas, do Sylvester Comprehensive Cancer Center, o problema não está apenas em “genes defeituosos”. Acontece, sobretudo, quando a estrutura tridimensional do DNA perde estabilidade. Nesse processo, proteínas como SMC3 e CTCF — verdadeiras “engenheiras estruturais” — deixam de conectar regiões essenciais do genoma, o que é exposto pela IA em relação ao câncer e suas ligações com quebras no DNA.

Como consequência, genes supressores de tumor como Tet2, Kmt2d e Dusp4 deixam de atuar no momento certo. Embora discretas, essas falhas mudam profundamente o funcionamento celular, o que explica o avanço silencioso de certos linfomas.

IA expõe padrões invisíveis no genoma

Para identificar essas rupturas, os pesquisadores utilizaram IA aliada a grandes bancos de dados biológicos. A tecnologia analisou, de forma integrada, mapas Hi-C, sequenciamento de RNA de célula única e perfis epigenéticos. Dessa forma, a IA revelou padrões que seriam impossíveis de detectar a olho nu, especialmente loops de curto alcance que mantêm genes essenciais ativados, mostrando então que quebras no DNA estão diretamente ligadas a aspectos do câncer.

Assim, quando metade das proteínas estruturais se perde, o DNA já não consegue manter suas conexões internas. Isso prende células B em um estágio intermediário, impedindo sua maturação e abrindo espaço para linfomas agressivos, como o LDGCB.

Impacto clínico e novas estratégias terapêuticas

O estudo aponta que pacientes com baixa expressão de SMC3 possuem prognóstico pior, indicando que a arquitetura do genoma pode servir como biomarcador. Alem disso, o trabalho sugere que futuras terapias poderão restaurar a estrutura tridimensional do DNA, em vez de apenas corrigir mutações isoladas, algo que a IA considera ao expor quebras no DNA ligadas a casos de câncer.

Essa abordagem permitiria reconstruir “rotas genômicas” perdidas, devolvendo a ativação correta de genes de defesa e reduzindo o risco de progressão tumoral.

Falhas no DNA favorecem o câncer

As descobertas mostram que rupturas no DNA e câncer formam um campo de estudo decisivo para a medicina moderna. À medida que a IA revela detalhes invisíveis da biologia, novas possibilidades terapêuticas surgem — especialmente para linfomas que evoluem silenciosamente por falhas na arquitetura genômica. Restabelecer essas conexões internas pode ser a chave para tratamentos mais precisos e eficazes, conforme expõem as quebras no DNA relacionadas ao câncer.

Fonte: Olhar Digital