Mortes em incêndio em Hong Kong sobem para 146 e comoção marca homenagens às vítimas

Familiares e moradores formam longas filas para prestar respeito às pessoas que perderam a vida no maior incêndio da cidade em sete décadas

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O número de mortos no incêndio que atingiu o complexo residencial Wang Fuk Court, em Hong Kong, alcançou 146 pessoas. As autoridades divulgaram o novo balanço neste domingo, e, com isso, a comoção aumentou. Enquanto equipes trabalham para atualizar as buscas, moradores se mobilizam para homenagear quem perdeu a vida na tragédia.

Desde as primeiras horas da manhã, familiares, amigos e vizinhos caminham até o local das homenagens. Aos poucos, a área se transformou em um corredor de flores, bilhetes escritos à mão e longos minutos de silêncio. Muitas pessoas permaneceram em oração, enquanto outras aguardaram pacientemente para deixar uma despedida. As filas chegaram a quase dois quilômetros e reforçaram o impacto emocional que domina a cidade.

Incêndio se espalhou rapidamente e consumiu sete prédios

O fogo começou na quarta-feira (26/11), por volta das 14h51, no bloco F do conjunto. Em poucos minutos, as chamas avançaram entre os edifícios e alcançaram sete dos oito prédios. As estruturas externas estavam cobertas por telas plásticas, poliestireno e andaimes de bambu usados na reforma, o que facilitou a propagação intensa.

Mais de 2 mil bombeiros atuaram no combate. Eles permaneceram no local por quase dois dias até eliminar todos os focos. Apesar do esforço, muitos moradores não conseguiram deixar os apartamentos. Além disso, os alarmes de incêndio falharam nos oito blocos, o que aumentou o risco e reduziu o tempo de reação.

Autoridades avançam na investigação e realizam novas prisões

A polícia iniciou as buscas por sobreviventes e por evidências ainda na quarta-feira. À medida que os agentes avançaram pelos prédios, encontraram sinais de irregularidades. Como resultado, 11 pessoas foram presas, entre elas diretores de empresas envolvidas nas reformas e trabalhadores responsáveis pelos andaimes.

Segundo as autoridades, a investigação segue em ritmo acelerado. Técnicos analisam documentos, materiais usados na obra e depoimentos de funcionários. Além disso, a polícia monitora denúncias e informações enviadas por moradores que acompanharam a reforma nos últimos meses. As equipes avaliam a conduta das empresas suspeitas e já indicaram possível negligência grave.

Hong Kong inicia dias de luto oficial e amplia apoio aos sobreviventes

O governo declarou três dias de luto oficial. Logo após o anúncio, bandeiras da China e de Hong Kong foram colocadas a meio mastro. As cerimônias começaram com três minutos de silêncio e, logo depois, voluntários organizaram pontos de apoio para os desabrigados.

Nos abrigos, famílias buscam informações sobre parentes desaparecidos e recebem orientação de assistentes sociais. Muitos moradores relatam noites sem dormir devido ao trauma e ao medo de novos desabamentos. A comoção se intensifica porque quase 40% dos residentes do conjunto eram idosos, muitos vivendo no local desde 1983.

Tragédia supera registros históricos e marca gerações

O incêndio se tornou o mais mortal em Hong Kong desde 1948, quando uma explosão em um armazém matou 176 pessoas. Ele também ultrapassa o impacto emocional da tragédia do Hipódromo de Happy Valley, em 1918, que deixou mais de 600 mortos.

Agora, Hong Kong enfrenta um dos momentos mais dolorosos de sua história recente. Enquanto as equipes seguem com as buscas e a população mantém as homenagens, a cidade cobra respostas rápidas e medidas contundentes para garantir que uma tragédia dessa dimensão não volte a acontecer.

Fonte: BBC Brasil