Moraes determina início da pena de Bolsonaro na PF em Brasília

Ex-presidente cumprirá pena de 27 anos e 3 meses na Superintendência da Polícia Federal, onde já está preso preventivamente.

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta terça-feira (25) o início do cumprimento da pena do ex-presidente Jair Bolsonaro. Condenado a 27 anos e três meses de prisão pela trama golpista que tentou impedir a posse do presidente Lula, Bolsonaro permanecerá na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, local onde está detido preventivamente desde sábado (22).

Decisão reconhece fim dos recursos

Segundo Moraes, a defesa do ex-presidente não apresentou novos embargos de declaração dentro do prazo final, encerrado na segunda-feira (24). O ministro afirmou que não há previsão legal para outros tipos de recurso, inclusive embargos infringentes. Assim, a condenação transitou em julgado, e a execução da pena foi autorizada.

De acordo com a decisão, Bolsonaro deverá iniciar imediatamente o cumprimento da pena em regime fechado, sendo 24 anos e nove meses de reclusão e dois anos e seis meses de detenção.

Entendimento do STF e limites recursais

A possibilidade de embargos infringentes só existiria se ao menos dois ministros tivessem votado pela absolvição — o que não ocorreu. Apenas Luiz Fux divergiu parcialmente. Por isso, Moraes reforçou que o recurso é inadmissível e que não há espaço jurídico para reabrir a discussão do caso.

Impacto sobre outros condenados no caso do golpe

A decisão também alcança outros integrantes do núcleo central da trama golpista:

  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, cumprirá pena de 24 anos na Penitenciária da Papuda.

  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, também condenado a 24 anos, ficará na Estação Rádio da Marinha, em Brasília.

  • Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, generais e ex-ministros, deverão cumprir as penas no Comando Militar do Planalto.

  • Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil, já preso desde 2024, permanecerá na 1ª Divisão do Exército, no Rio de Janeiro, para cumprir a pena de 26 anos.

  • O tenente-coronel Mauro Cid, delator do caso, cumprirá 2 anos em regime aberto.

Cenário jurídico após a decisão

Com o trânsito em julgado declarado, o processo chega ao seu desfecho. A partir de agora, somente medidas excepcionais — como ações constitucionais independentes — poderiam, em tese, ser apresentadas pela defesa. Mesmo assim, elas não suspendem automaticamente a execução da pena.

A decisão marca um dos momentos mais significativos da crise que se estendeu desde a tentativa de ruptura institucional, consolidando a responsabilização de autoridades que participaram do plano para impedir a posse do presidente eleito.

Fonte: G1