Dia Mundial do Combate ao Câncer de Próstata: origem do Novembro Azul

Campanha internacional reforça prevenção, diagnóstico precoce e importância do cuidado contínuo com a saúde masculina

0
1877

O Dia Mundial do Combate ao Câncer de Próstata, celebrado em 17 de novembro, tornou-se um marco global de mobilização pela saúde do homem. A data, além de chamar atenção para a prevenção, impulsionou a criação do movimento Novembro Azul, que se consolidou como uma das campanhas mais reconhecidas do mundo.

Como surgiu o Novembro Azul

O movimento começou em 1999, na Austrália, quando um grupo de amigos decidiu cultivar bigodes para provocar conversas sobre saúde masculina. A iniciativa ganhou força rapidamente e, com isso, motivou a criação da Movember Foundation Charity em 2004. O termo “Movember”, que une moustache (bigode) e november (novembro), virou símbolo de alerta e conscientização.

Com o crescimento da campanha, surgiu também o conceito No Shave November, que incentiva homens a deixarem barba e bigode crescerem como forma de lembrar a importância do autocuidado. Dessa forma, o bigode azul consolidou-se como ícone da mobilização.

No Brasil, o movimento ganhou formato oficial em 2011, em uma parceria entre o Instituto Lado a Lado Pela Vida e a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Desde então, as buscas por informações sobre prevenção, sintomas e exames aumentam significativamente no mês de novembro, conforme dados do Google Trends. Isso demonstra que a campanha, além de simbólica, estimula ações práticas.

O que é o câncer de próstata

O câncer de próstata se desenvolve na glândula localizada abaixo da bexiga masculina. Na maioria das vezes, o tumor cresce de forma lenta; no entanto, alguns casos evoluem rapidamente, exigindo intervenção imediata.

De acordo com o Ministério da Saúde, 42 homens morrem por dia em decorrência da doença no Brasil. Além disso, somente em 2020 foram registrados 65.840 novos casos, o que representa 29,2% de todos os tumores diagnosticados em homens.

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) reforça essa preocupação ao apontar 15.983 mortes em 2019. Os tumores mais agressivos podem atingir outros órgãos e provocar complicações severas. Por isso, o acompanhamento regular é indispensável.

Exames e diagnóstico

O diagnóstico depende de exames específicos, já que os sintomas costumam surgir apenas em estágios mais avançados. Entre os exames disponíveis, destacam-se:

  • PSA (exame de sangue)

  • Toque retal, responsável por identificar até 20% dos casos

  • Biópsia, solicitada quando há suspeita e guiada por ultrassom transretal

O urologista Alexandre Iscaife, do Hospital das Clínicas da USP, explica que alterações no PSA ou no toque retal justificam a realização da biópsia. Além disso, ele lembra que o câncer, quando apresenta sintomas, geralmente já está avançado. Nesse sentido, a falta de sinais iniciais reforça a necessidade de um acompanhamento precoce.

Sintomas mais comuns

Quando aparecem, os sintomas incluem:

  • dificuldade para urinar;

  • diminuição da força do jato urinário;

  • sangue na urina;

  • vontade frequente de urinar;

  • dores ósseas ou fraturas.

Apesar disso, alguns desses sinais podem estar relacionados a doenças benignas, como hiperplasia prostática e prostatite. Assim, somente a avaliação médica permite um diagnóstico correto.

Chance de cura e importância do diagnóstico precoce

A chance de cura é extremamente alta quando o tumor é detectado no início. Segundo Iscaife, a sobrevida em cinco anos chega a quase 100% nos casos localizados. No entanto, quando a doença se espalha, essa taxa cai para 37,5%, o que demonstra o impacto do diagnóstico tardio.

Por isso, especialistas recomendam que homens realizem avaliação anual a partir dos 50 anos. Para pessoas negras ou com histórico familiar, a orientação é iniciar antes, já que o risco é maior. Assim, o Novembro Azul reforça um ponto essencial: o cuidado com a saúde masculina deve ser permanente, e não limitado a um único mês.

Fonte: SBT News