Mulher com rosto dividido entre juventude e envelhecimento, representando o debate científico sobre os suplementos de colágeno.
Arte editorial mostra o contraste entre juventude e envelhecimento para ilustrar o debate entre ciência e estética sobre o uso de colágeno.

A proteína da juventude

O colágeno é a proteína mais abundante do corpo humano e garante sustentação à pele, ossos, músculos e articulações. A partir dos 25 anos, sua produção natural começa a cair cerca de 1% ao ano, o que desperta o interesse por suplementos que prometem retardar o envelhecimento e melhorar a elasticidade da pele.

O mercado de beleza transformou essa substância em um dos produtos mais populares da atualidade — disponível em cápsulas, pós, cremes e injeções. Mas será que o colágeno realmente funciona?

O que a ciência diz sobre os suplementos

De acordo com a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA), não há comprovação científica suficiente de que o colágeno ingerido traga os benefícios divulgados pela indústria cosmética.
Os estudos analisados até hoje mostram resultados inconsistentes: pesquisas financiadas por empresas do setor tendem a apontar melhorias na pele, enquanto estudos independentes não identificam efeitos significativos.

O dermatologista Faisal Ali, do Mid Cheshire Hospital, reforça que “as evidências ainda são limitadas e não há consenso sobre o real impacto do colágeno oral ou tópico”.

O colágeno realmente chega à pele?

Mesmo na forma hidrolisada — quebrada em peptídeos menores para facilitar a absorção —, parte do colágeno pode ser metabolizada antes de alcançar a pele. A dermatologista Emma Wedgeworth, de Londres, explica que “não há garantias de que os peptídeos ingeridos sejam direcionados exatamente para o tecido cutâneo”.

Ela destaca que o colágeno marinho, derivado de peixes, é o tipo mais próximo do colágeno humano e, portanto, tem maior potencial de absorção, mas ainda carece de estudos conclusivos.

E os cremes e injeções?

Aplicações tópicas, como cremes e séruns, geralmente não alcançam as camadas mais profundas da pele. “O colágeno não ultrapassa a epiderme”, afirma Wedgeworth.
Já os procedimentos dermatológicos, como microagulhamento e laser, estimulam o próprio corpo a produzir colágeno naturalmente, mostrando resultados mais consistentes — embora com custo elevado, que pode ultrapassar R$ 4 mil por sessão.

Riscos e cuidados

Apesar de o consumo de colágeno ser considerado seguro para a maioria das pessoas, há pontos de atenção.
Pesquisadores alertam para o risco de interações medicamentosas e efeitos em pessoas com doenças renais ou hepáticas.
Além disso, a crescente demanda por colágeno bovino levanta questões ambientais, como o desmatamento associado à pecuária.

O que realmente ajuda sua pele

Especialistas são unânimes: a melhor forma de preservar o colágeno natural é proteger a pele do sol, manter alimentação equilibrada e evitar o cigarro.
“O protetor solar diário tem impacto muito maior do que qualquer suplemento”, destaca o dermatologista Faisal Ali.

A conclusão dos especialistas

Até o momento, não há comprovação definitiva de que tomar, injetar ou aplicar colágeno traga benefícios duradouros.
Os resultados variam conforme o tipo de produto, a frequência de uso e as características individuais de cada pessoa.

Em resumo, o colágeno não é milagre, mas pode ser um aliado limitado dentro de um estilo de vida saudável.

Fonte: BBC Brasil