Deputada Carla Zambelli aparece em telão durante depoimento remoto à CCJ da Câmara dos Deputados, com parlamentares acompanhando a sessão.
Carla Zambelli depõe por videoconferência à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, enquanto está presa na Itália.

Deputada diz que julgamento foi parcial e espera liberdade

Durante depoimento remoto à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (24), a deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP) declarou que espera ser libertada em breve.
Atualmente presa na Itália, Zambelli afirmou que o processo que a condenou foi injusto do início ao fim.

“Em pouco tempo, não vou estar mais dentro de um presídio, vou estar solta”, disse.

Ela participou da audiência por videoconferência. Segundo sua defesa, há indícios de perseguição política. Além disso, Zambelli afirmou que pretende provar sua inocência também no Plenário da Câmara.

Condenação envolve invasão de sistema do CNJ

Zambelli foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em agosto. Ela teria participado da invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com ajuda do hacker Walter Delgatti Neto.
De acordo com a acusação, a deputada inseriu documentos falsos no sistema, incluindo um mandado de prisão contra Alexandre de Moraes.

Como resultado, ela recebeu uma pena de dez anos de prisão. O STF também determinou a perda do mandato parlamentar.
Vale lembrar que, após a análise na CCJ, o caso seguirá para votação no Plenário da Câmara.

Zambelli acusa Moraes de parcialidade

Durante o depoimento, Zambelli relatou que autoridades italianas se espantaram ao saber que o ministro Alexandre de Moraes foi, ao mesmo tempo, vítima, relator e julgador.
Ela afirmou que, ao relatar essa informação, ouviu risos dos presentes. Segundo ela, os italianos disseram: “Isso não existe, fala a verdade para a gente”.

A deputada também comparou seu caso com o do ex-deputado Daniel Silveira, condenado por ataques à democracia.
Na visão de Zambelli, o STF tem promovido uma “sanha persecutória” contra parlamentares de oposição.

Defesa contesta e acusações geram polêmica

Durante a audiência, a defesa apresentou testemunhas favoráveis à deputada. Falaram em seu apoio o especialista em provas digitais Michel Spiero e o ex-assessor do TSE Eduardo Tagliaferro.
Ambos argumentaram que as provas são frágeis e minimizaram o envolvimento entre Zambelli e o hacker.

A deputada negou qualquer ligação direta com Delgatti. Ela destacou que o suposto crime ocorreu em janeiro de 2023, após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva.
Portanto, mesmo que houvesse alguma ordem anterior, ela já não teria mais validade.

Situação parlamentar segue indefinida

O deputado Pedro Campos (PSB-PE) avaliou que a situação de Zambelli é irreversível.
Segundo ele, a condenação e o regime fechado impedem qualquer atividade parlamentar.

“Ela precisará cumprir pelo menos 608 dias presa, o que impossibilita seu mandato”, declarou.

A CCJ já ouviu Walter Delgatti Neto em audiência anterior. Ele reafirmou as acusações contra a deputada.
Além disso, o presidente da comissão, deputado Paulo Azi (União-BA), solicitou ao STF a derrubada do sigilo do processo.
Com isso, a comissão pretende ampliar a transparência da tramitação.

Fonte: Câmara dos Deputados