Pesquisadora brasileira diante de mapa genético e corpo humano com intestino iluminado, simbolizando estudo sobre câncer colorretal
Arte mostra pesquisadora brasileira e representação do intestino grosso em destaque, com foco no estudo genético nacional sobre o câncer colorretal

Câncer colorretal preocupa especialistas

O câncer colorretal é um dos tumores malignos mais letais no Brasil. A genética do câncer colorretal também desempenha um papel crucial na compreensão e no avanço dos métodos de diagnóstico. Embora existam tratamentos disponíveis, o diagnóstico precoce ainda representa um desafio. De acordo com a Fundação do Câncer, a estimativa é de que o país registre 71 mil casos por ano até 2040, o que representa um crescimento de 20% nos diagnósticos.

Diante disso, pesquisadores brasileiros, ao investigar a genética do câncer colorretal, conduziram um dos maiores estudos genéticos já realizados no país sobre a doença, buscando identificar fatores associados ao risco.

Hábitos de vida saudáveis são importantes (Imagem: mi_viri/Shutterstock)

O papel da genética e da ancestralidade

O estudo investigou 45 polimorfismos, ou seja, variantes genéticas conhecidas como SNPs, ligadas ao desenvolvimento do câncer colorretal. A pesquisa envolveu 990 pacientes com a doença e 1.027 pessoas sem histórico familiar do tumor.

Além disso, ao abordar a genética do câncer colorretal, os cientistas avaliaram a ancestralidade genética dos participantes, analisando a proporção de origens europeias, africanas, asiáticas e indígenas. Com isso, foi possível entender se a genética individual poderia agir como fator de risco ou proteção, mesmo entre os casos considerados esporádicos.

Descobertas revelam influência genética

Este tipo de tumor é um dos que mais mata no Brasil (Imagem: New Africa/Shutterstock)

Entre as 45 variantes estudadas, nove demonstraram relação com o risco de desenvolver a doença. No entanto, quatro delas se mantiveram estatisticamente significativas, mesmo após análises ajustadas por fatores clínicos e epidemiológicos. Duas variantes estavam associadas ao risco aumentado, enquanto outras duas indicaram efeito protetor.

“Esses quatro marcadores são independentes de outras variáveis e contribuem diretamente para o risco ou proteção da doença”, explicou Rui Manuel Reis, diretor científico do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital de Amor e autor do estudo.

Além disso, o pesquisador destacou que essas variações não são mutações somáticas, ou seja, não surgem durante a vida. Elas fazem parte do nosso código genético desde o nascimento, assim como características como a cor da pele ou o tipo sanguíneo.

Ancestralidade pode proteger contra o tumor

Outro achado importante foi que indivíduos com menor proporção de ancestralidade africana e asiática apresentaram maior risco de desenvolver o câncer colorretal.

Esse resultado sugere que componentes genéticos herdados dessas populações podem exercer um efeito protetor. Ao mesmo tempo, fatores culturais e alimentares relacionados à ancestralidade, especialmente a asiática, também podem influenciar positivamente na prevenção da doença.

Portanto, a diversidade genética e os hábitos de vida caminham juntos na construção do risco individual, por isso é essencial estudar a genética do câncer colorretal.

Conclusão e próximos passos

O estudo, publicado na revista Global Oncology, representa um marco para a ciência brasileira. Ao associar genética, ancestralidade e risco de câncer, os resultados podem orientar políticas públicas e estratégias personalizadas de prevenção.

Assim, compreender as características genéticas da população brasileira e sua relação com a genética do câncer colorretal pode ajudar a salvar vidas. A ciência, mais uma vez, avança em direção ao diagnóstico precoce e à medicina de precisão.

Fonte: Olhar Digital