
Estudo da USP revela grave carência de nutrientes no Brasil, com consumo insuficiente de cálcio, potássio, zinco e fibras. Especialistas pedem ações urgentes para evitar avanço de doenças crônicas.
Estudo da USP revela déficit nutricional grave entre brasileiros
Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) revelou que a carência de nutrientes no Brasil já é uma realidade que preocupa especialistas. Com base em dados do IBGE e do Ministério da Saúde, o estudo aponta que a maioria da população consome menos cálcio, potássio, zinco e fibras do que o recomendado por órgãos internacionais. Por isso, os riscos de doenças crônicas e problemas de saúde aumentam consideravelmente.
Consumo abaixo do ideal compromete a saúde
De acordo com os pesquisadores, o consumo de cálcio está cerca de 35% abaixo do ideal. Já o déficit de potássio chega a ultrapassar 40%. Esses minerais são fundamentais para a saúde óssea, controle da pressão arterial e funções musculares. Além disso, o zinco — essencial para o sistema imunológico — está em falta em mais da metade dos brasileiros avaliados.
Consequentemente, a população fica mais exposta a doenças como hipertensão, osteoporose e infecções frequentes. Para a equipe da USP, o cenário exige atenção imediata das autoridades sanitárias.
Leia Também: Alimentos Zero Açúcar São Sempre Mais Saudáveis? Nutricionistas Esclarecem
Dieta pobre em fibras também preocupa
Outro aspecto crítico revelado pelo levantamento é o baixo consumo de fibras. Segundo o estudo, os brasileiros ingerem menos da metade do volume recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso se deve, sobretudo, à preferência por alimentos ultraprocessados e à baixa inclusão de frutas, legumes e grãos integrais nas refeições.
Como resultado, cresce o risco de obesidade, diabetes tipo 2 e doenças intestinais, especialmente entre jovens e adultos em idade produtiva.
Especialistas pedem ações urgentes do poder público
A professora Ana Maria Coutinho, da Faculdade de Saúde Pública da USP, afirma que a solução depende de uma atuação conjunta. Para ela, o país precisa implementar campanhas de educação alimentar, melhorar a rotulagem nutricional e incentivar o consumo de alimentos saudáveis por meio de subsídios e políticas públicas.
“É preciso tornar o acesso ao alimento saudável uma prioridade nacional, sob risco de agravarmos ainda mais os índices de doenças crônicas”, alertou Coutinho.
Populações vulneráveis sofrem ainda mais
Embora o problema seja generalizado, os impactos são mais severos entre as populações de baixa renda. Essas pessoas, geralmente, dependem de alimentos industrializados mais baratos e pobres em nutrientes. Crianças e idosos estão entre os mais prejudicados, pois enfrentam maior dificuldade para absorver ou repor esses nutrientes.
Nesse contexto, programas sociais e cestas básicas também devem passar por reformulações, com foco na qualidade nutricional dos alimentos distribuídos.
Fonte: Diário do Comércio