Justiça americana recusa asilo e abre caminho para deportação
Raquel de Souza Lopes, condenada no Brasil por envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro, teve seu pedido de asilo recusado por um tribunal dos Estados Unidos. A negativa foi comunicada à família nesta quarta-feira (19), após análise feita pelo órgão responsável por julgamentos de imigração.
A brasileira permanece presa desde 12 de janeiro, quando cruzou ilegalmente a fronteira pelo Texas. Ela alegou perseguição política e pediu proteção ao Executive Office for Immigration Review (EOIR), ligado ao Departamento de Justiça dos EUA. No entanto, a Justiça americana considerou o pedido improcedente.
Defesa recorre e tenta impedir deportação imediata
Segundo Acenil Francisco, filho de Raquel, os advogados já protocolaram um recurso junto ao Board of Immigration Appeals (BIA). Essa instância superior revisa decisões de tribunais migratórios e pode suspender temporariamente a remoção do país.
Além disso, a Agência de Imigração e Alfândega (ICE) dos EUA manteve ativo o processo de deportação. Desde abril, o órgão comunicou a Interpol e o Ministério da Justiça brasileiro sobre a intenção de devolver quatro brasileiras com mandados ativos, incluindo Raquel.
Filho critica a pena e defende inocência da mãe
Para Acenil, a decisão do Supremo Tribunal Federal foi desproporcional. Ele afirma que sua mãe nunca participou de depredações nem financiou qualquer ato de vandalismo. Segundo ele, o único registro apontado na sentença foi a gravação de vídeos com o celular no dia dos ataques.
Apesar disso, o STF entendeu que Raquel fazia parte de uma associação criminosa. O grupo teria atuado de forma coordenada com o objetivo de abolir o Estado Democrático de Direito. Por essa razão, os ministros a condenaram a 17 anos de prisão.
Raquel fugiu para a Argentina e depois entrou nos EUA
Logo após a condenação, Raquel fugiu para a Argentina, onde buscou refúgio junto a outros foragidos investigados pelos atos golpistas. No início de 2024, ela deixou o país vizinho e seguiu até o México. Em seguida, cruzou a fronteira com os Estados Unidos.
As autoridades migratórias detiveram Raquel e outras três brasileiras: Rosana Maciel, Michely Paiva e Cristiane Silva. Todas tentaram entrar pelo Texas. Cristiane já foi deportada ao Brasil e cumpre pena em Fortaleza. As demais ainda aguardam decisão judicial nos EUA.
Linha do tempo: o caso de Raquel Lopes
-
08/01/2023 – Grupos radicais invadem os Três Poderes em Brasília
-
2023 – STF condena Raquel por tentativa de golpe e outros crimes
-
Janeiro/2024 – Ela foge para a Argentina
-
12/01/2024 – É presa ao tentar entrar nos EUA
-
Junho/2025 – Tribunal americano rejeita pedido de asilo
-
Próximo passo – Defesa recorre ao Board of Immigration Appeals