Assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips teve nove envolvidos denunciados
Assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips teve nove envolvidos denunciados

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou, nesta quinta-feira (5), o peruano Rubén Dario da Silva Villar, conhecido como “Colômbia”, por ter mandado matar o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Pereira. O crime ocorreu exatamente três anos atrás, no dia 5 de junho de 2022, na região do Vale do Javari, no Amazonas.

A denúncia foi encaminhada à Justiça Federal em Tabatinga (AM) pelo procurador da República Guilherme Diego Rodrigues Leal, com apoio do Grupo de Apoio ao Tribunal do Júri (GATJ).

Suspeito chefiava rede criminosa e usava identidade falsa

De acordo com as investigações, Colômbia liderava uma quadrilha envolvida com pesca ilegal e tráfico de drogas na fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. Ele também utilizava documentos falsos para se esconder das autoridades.

Em junho de 2022, o acusado procurou a Polícia Federal em Tabatinga para negar envolvimento no crime. No entanto, os agentes o prenderam por uso de documento falso. Posteriormente, a Justiça o liberou provisoriamente, mas ele voltou à prisão após violar medidas cautelares.

Bruno e Dom contrariaram interesses da pesca ilegal

O MPF afirma que Bruno Pereira e Dom Phillips foram assassinados porque se opunham à pesca ilegal na região. Os dois atuavam junto a comunidades indígenas, promovendo educação ambiental e registrando crimes ambientais.

Por isso, passaram a ser vistos como ameaça aos interesses de criminosos locais.

Outros oito acusados também respondem pelo crime

Com a nova denúncia, Colômbia se torna o nono acusado formalmente no caso. Em 2022, o MPF já havia processado três homens por executar o crime e ocultar os corpos:

  • Amarildo da Costa Oliveira (“Pelado”)

  • Oseney da Costa de Oliveira (“Dos Santos”)

  • Jefferson da Silva Lima (“Pelado da Dinha”)

Além disso, em junho de 2024, outros cinco nomes entraram na lista de réus por ajudarem a esconder os cadáveres:

  • Francisco Conceição de Freitas

  • Eliclei Costa de Oliveira

  • Amarílio de Freitas Oliveira

  • Otávio da Costa de Oliveira

  • Edivaldo da Costa de Oliveira

O MPF solicitou que os três executores fossem julgados pelo tribunal do júri. A primeira instância aceitou o pedido, mas o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) retirou Oseney da pronúncia. Por esse motivo, os procuradores recorreram ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Jefferson e Amarildo seguem presos preventivamente, enquanto Oseney cumpre prisão domiciliar com monitoramento eletrônico.

Quem eram Bruno Pereira e Dom Phillips

Bruno Pereira, nascido em 1980 no Recife, era servidor concursado da Funai e atuava na proteção de povos indígenas isolados. Em 2019, após se posicionar contra o desmonte das políticas ambientais, pediu afastamento da função. Desde então, passou a colaborar com a Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), apoiando ações de defesa da floresta.

Dom Phillips, nascido em 1964 na Inglaterra, vivia no Brasil desde 2007. Ele cobria temas ambientais para veículos como o The Guardian e produzia reportagens sobre a Amazônia. No momento do desaparecimento, reunia material para escrever um novo livro.

Amigos do jornalista concluíram a obra póstuma, que recebeu o título “Como Salvar a Amazônia” e foi lançada na última semana.