O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que o Itamaraty reaja com firmeza à ameaça do governo de Donald Trump de impor sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A orientação partiu diretamente do Planalto, segundo fontes do governo e da diplomacia brasileira ouvidas sob reserva.
Na quarta-feira (21/5), o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou, durante audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara, que existe “grande possibilidade” de sanções contra Moraes. A fala ocorreu em resposta a uma pergunta do deputado republicano Cory Mills.
Itamaraty evitará confronto público, mas agirá nos bastidores
Lula decidiu que o Brasil responderá por vias diplomáticas, sem confrontos midiáticos. Ministros do governo repassaram essa orientação a Alexandre de Moraes ainda na quarta-feira, pouco depois da declaração de Rubio.
Embora o STF tenha recebido a ameaça com indignação, os ministros optaram por não fazer declarações públicas. Nem Moraes, nem os ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes se pronunciaram oficialmente.
Internamente, diplomatas explicam que o Itamaraty não divulgará nota neste momento, pois não há nenhuma medida prática formalizada por Washington. Com isso, o governo evita escalar a tensão desnecessariamente.
AGU se manifesta em defesa da soberania nacional
O único integrante do governo Lula que se manifestou publicamente até agora foi o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias. Em uma publicação nas redes sociais, ele não citou nomes, mas afirmou que o relacionamento entre nações exige respeito mútuo.
“No Brasil, valorizamos e nos orgulhamos do princípio da separação dos Poderes. A democracia não pode existir sem a independência entre os Poderes”, escreveu Messias.
Ele também destacou que a histórica parceria entre democracias deve servir de guia para decisões responsáveis.
Motivo da ameaça: acusações de censura contra Moraes
A ameaça surgiu após o deputado Cory Mills questionar se os EUA planejavam impor sanções ao ministro Alexandre de Moraes. Aliado da ala bolsonarista, Mills acusou o magistrado de liderar ações de censura no Brasil.
Rubio, por sua vez, respondeu que o tema já está sob análise e que há chances concretas de sanções ocorrerem.
Apesar da gravidade da declaração, fontes do Planalto garantem que Moraes se mantém tranquilo. Um assessor presidencial resumiu a situação dizendo: “Moraes é vitalício. Trump, não.”