Operação da Polícia Federal investiga esquema de descontos ilegais em benefícios do INSS.
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (18) uma nova fase da Operação Sem Desconto. A ação investiga um esquema nacional de descontos ilegais aplicados em benefícios de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Como resultado, a operação atingiu o alto escalão da Previdência e teve como um dos alvos o senador Weverton Rocha (PDT-MA).
Além disso, a PF prendeu Adroaldo Portal, secretário-executivo do Ministério da Previdência. A Justiça decretou prisão domiciliar, determinou seu afastamento do cargo e, logo depois, o ministro Wolney Queiroz ordenou sua exoneração.
Esquema bilionário atingiu aposentados em todo o país
Segundo a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), o esquema atuou entre 2019 e 2024. Nesse período, os investigadores estimam um prejuízo de até R$ 6,3 bilhões. Os suspeitos aplicavam descontos mensais sem autorização diretamente nos benefícios do INSS.
Na prática, os responsáveis simulavam a filiação dos aposentados a associações. No entanto, os beneficiários não autorizaram os descontos nem firmaram contratos. Ainda assim, as entidades afirmavam oferecer serviços jurídicos e convênios, embora, conforme a CGU, não tivessem estrutura para prestar tais serviços.
Mandados, prisões e autorização do STF
Nesta etapa da investigação, a Polícia Federal e a CGU cumprem:
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52 mandados de busca e apreensão
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16 mandados de prisão preventiva
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Diversas medidas cautelares adicionais
A operação teve autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). Por isso, as equipes atuam simultaneamente em São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais, Maranhão e no Distrito Federal.
Além de Adroaldo Portal, a PF prendeu Romeu Carvalho Antunes, filho de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, já preso desde setembro. Da mesma forma, os agentes detiveram Éric Fidélis, filho do ex-diretor de Benefícios do INSS, André Fidélis.
Senador reage e diz estar à disposição
Senador Weverton Rocha (PDT-MA) — Foto: Carlos Moura/Agência Senado
Em nota, o senador Weverton Rocha afirmou que recebeu com surpresa a realização de buscas em sua residência. Ainda assim, declarou que mantém serenidade e que está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos, assim que tiver acesso integral à decisão judicial.
Enquanto isso, a Polícia Federal informou que o número de prisões ainda pode aumentar, já que a operação segue em andamento.
Governo inicia devolução dos valores descontados
Após a revelação do esquema, o governo federal anunciou a devolução dos valores descontados indevidamente de aposentados e pensionistas. O ressarcimento ocorre em parcela única e sem lista de prioridades.
Além disso, o governo prorrogou até 14 de fevereiro de 2026 o prazo para contestação dos descontos. Os beneficiários podem solicitar a devolução por três canais oficiais:
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Meu INSS (site ou aplicativo)
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Central 135, com atendimento de segunda a sábado
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Agências dos Correios, com atendimento assistido e gratuito
Crise na Previdência amplia pressão política
A investigação provocou uma crise no Ministério da Previdência. Como consequência, o então ministro Carlos Lupi pediu demissão após o agravamento do caso. Em seguida, o governo nomeou Wolney Queiroz, que agora conduz as medidas administrativas.
Diante desse cenário, a operação reforça o alerta para fraudes estruturadas contra aposentados, além de ampliar o impacto político e institucional do escândalo.
Fonte: G1