Plenário do Senado durante sessão que aprovou o PL da Dosimetria na Comissão de Constituição e Justiça
Plenário do Senado durante a sessão da CCJ que aprovou o PL da Dosimetria, agora em análise pelo plenário.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, nesta quarta-feira (17), o PL da Dosimetria, que altera regras de cálculo e progressão de penas para crimes contra o Estado Democrático de Direito. Com isso, o texto pode seguir ainda hoje para votação no plenário.

A CCJ aprovou o projeto por 17 votos a 7. Logo após a decisão, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), incluiu a proposta na pauta do dia, acelerando a tramitação.

O que muda com o PL da Dosimetria

O projeto redefine critérios usados na aplicação das penas e cria regras específicas para condenações ligadas aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Entre os principais pontos, o texto prevê:

  • redução de até dois terços da pena para réus classificados como vândalos comuns;

  • progressão mais rápida de regime, permitindo saída do fechado após 16% do cumprimento da pena;

  • prevalência da pena mais grave, em vez da soma, quando houver condenação simultânea por tentativa de golpe e tentativa de abolição do Estado;

  • possibilidade de abatimento de pena por estudo e trabalho, inclusive durante prisão domiciliar.

Além disso, o texto impede benefícios a líderes ou financiadores dos atos.

Mudança do relator evitou retorno do projeto à Câmara

O relator da proposta, senador Esperidião Amin (PP-SC), alterou o texto para restringir os efeitos apenas aos crimes contra o Estado Democrático de Direito. Com isso, ele evitou que o projeto precisasse voltar à Câmara dos Deputados.

A mudança respondeu às críticas de juristas e parlamentares. Segundo eles, a versão aprovada pelos deputados abria brechas para beneficiar condenados por crimes comuns, como organização criminosa e incêndio doloso.

Pressão política marcou a votação

Durante a sessão, senadores tentaram adiar a análise do projeto para 2026. No entanto, a CCJ rejeitou todos os requerimentos.

O ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) afirmou que o Congresso discute o tema para corrigir distorções nas penas, sem conceder anistia. Segundo ele, parte das punições aplicadas foi excessiva.

Por outro lado, líderes do governo negaram qualquer acordo político. O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) afirmou que não houve troca de apoio. Já Jaques Wagner (PT-BA) confirmou apenas um acordo de procedimento para viabilizar a votação.

Próximos passos no Senado

Se o plenário aprovar o texto sem novas mudanças, o PL da Dosimetria seguirá diretamente para sanção ou veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Assim, o Senado pode encerrar 2025 com uma nova regra para penas ligadas aos ataques às instituições democráticas, em um dos debates mais sensíveis do ano no Congresso Nacional.

Fonte: G1