Trabalhadores organizando produtos em farmácia enquanto o debate sobre a escala 6x1 avança no Congresso.
A discussão sobre a jornada de trabalho e a escala 6x1 avança no Senado e mobiliza trabalhadores em todo o país.

A discussão sobre o fim da escala 6×1 ganhou força após a aprovação da PEC 148/2025 na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A proposta reduz a jornada semanal e reorganiza os dias de descanso. O tema mobiliza trabalhadores, setores produtivos e o governo, porque altera diretamente a rotina laboral no país.

PEC aprovada na CCJ segue para votação no plenário

A PEC é assinada pelo senador Paulo Paim (PT-RS) e relatada por Rogério Carvalho (PT-SE). O texto prevê uma redução progressiva da jornada, que passa de 44 para 40 horas no primeiro ano e chega a 36 horas semanais após cinco anos. Além disso, estabelece cinco dias de trabalho e dois de descanso, preferencialmente no sábado e domingo, sem cortar salários.

O relator defendeu que a mudança melhora o bem-estar dos trabalhadores, já que a escala 6×1 intensifica o cansaço e aumenta o risco de acidentes. Para ele, a redução de horas semanais também reorganiza a distribuição de tarefas e reduz a dependência de horas extras.

A votação ocorreu extra-pauta, em decisão simbólica. Parlamentares chegaram a pedir mais tempo de análise, porém o presidente da CCJ lembrou que audiências públicas anteriores já haviam debatido o tema.

Governo Lula apoia a proposta com maior chance de aprovação

O governo vem defendendo uma redução estruturada da jornada. Antes, apoiava a proposta da Câmara. Contudo, decidiu priorizar o texto que está mais adiantado no Senado, já que ele pode avançar de forma mais rápida no Congresso.

Integrantes da Presidência afirmam que a medida favorece o descanso, a qualificação profissional e a vida familiar. Além disso, acreditam que a nova jornada estimula produtividade e equilíbrio social.

Texto da Câmara segue parado e enfrenta resistência

A PEC 8/2025, apresentada pela deputada Erika Hilton (Psol-SP), provocou grande mobilização nas redes sociais, mas encontra dificuldades para avançar. O texto está parado em uma subcomissão especial da Câmara.

O relator, Luiz Gastão (PSD-CE), não propôs o fim da escala 6×1. Em vez disso, sugeriu jornada máxima de 40 horas, restrições ao trabalho no fim de semana e medidas para reduzir custos das empresas. Ele afirmou que a jornada de 36 horas geraria forte impacto financeiro para pequenos negócios.

Entidades do comércio e da indústria reforçam essa preocupação, porque avaliam que setores com margens menores teriam mais dificuldade para se adaptar.

Mobilização nas redes segue pressionando o Congresso

O movimento Pela Vida Além do Trabalho, criado por Rick Azevedo após um vídeo viral, continua mobilizando trabalhadores. Ele defende que a escala 6×1 prejudica a vida pessoal e limita a saúde mental. Com milhões de assinaturas, o grupo pressiona por uma mudança definitiva.

Representantes de empresas reconhecem a legitimidade da pauta, mas pedem uma transição gradual, já que, segundo eles, alguns setores ainda não apresentam ganhos de produtividade suficientes.

O que acontece a partir de agora

Com a aprovação na CCJ, a PEC segue três etapas principais:

  1. Votação no plenário do Senado

  2. Análise e votação na Câmara dos Deputados

  3. Sanção ou veto da Presidência da República

Como o tema impacta setores distintos, o debate deve continuar intenso nas próximas semanas, sobretudo entre sindicatos, empresários e parlamentares.

Fonte: BBC Brasil