Sessão da CCJ na Câmara durante votação que aprovou a cassação de Carla Zambelli.
Reunião da CCJ aprova cassação de Carla Zambelli e envia o caso ao plenário.

CCJ recomenda cassação após reviravolta na votação

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou nesta quarta-feira (10) a cassação do mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP). A decisão ocorreu por 32 votos a 2, depois que os membros do colegiado rejeitaram o parecer original, que pedia a manutenção da parlamentar no cargo.

Logo após a derrota do primeiro relatório, os deputados aprovaram um novo texto, apresentado por Cláudio Cajado (PP-BA), que defende a cassação. Como resultado, o caso segue para o plenário, que decidirá ainda hoje o futuro político de Zambelli.

Além disso, a condenação da deputada pelo Supremo Tribunal Federal, que estabeleceu 10 anos de prisão em regime fechado, impulsionou a articulação que levou à recomendação de cassação. Segundo Cajado, a situação atual impede o exercício do mandato, já que a parlamentar permanece detida na Itália.

Pressão política e substituição de membros marcaram a sessão

A disputa ganhou força após uma movimentação interna que alterou a composição da CCJ. Isso ocorreu porque seis deputados do União Brasil foram substituídos momentos antes da votação. A mudança enfraqueceu o grupo que apoiava Zambelli e fortaleceu os defensores da cassação.

Enquanto isso, o relator derrotado, Diego Garcia (Republicanos-PR), voltou a afirmar que não existem provas suficientes contra a deputada. Ele também argumentou que a cassação abriria um precedente perigoso e pediu que os colegas considerassem o princípio “in dubio pro mandato”.

Em resposta, parlamentares governistas reforçaram que a condenação definitiva torna insustentável a permanência de Zambelli na Câmara. Rubens Pereira Júnior (PT-MA) declarou que “o Parlamento não é lugar para quem recebeu pena superior a dez anos de prisão”. Do mesmo modo, Chico Alencar (PSOL-RJ) alertou que manter o mandato criaria uma “bancada dos foragidos”.

Zambelli participa por vídeo e faz apelo emocional ao colegiado

Mesmo presa na Itália, Zambelli participou da sessão por videoconferência. Assim que a transmissão começou, ela tentou falar com seu filho, João Zambelli, presente no plenário. Em seguida, discursou para os deputados, declarou-se inocente e criticou o ministro Alexandre de Moraes. Além disso, afirmou que a decisão do STF representa um avanço da “ditadura do Judiciário”.

O advogado da deputada, Fabio Pagnozzi, reforçou a narrativa de perseguição. Ele destacou que a manutenção do mandato seria a “única esperança” para influenciar o processo de extradição ainda em análise na Justiça italiana. Ao mesmo tempo, confrontou o hacker Walter Delgatti, condenado no mesmo processo, e minimizou suas declarações.

Plenário decide hoje o destino político de Carla Zambelli

Após a aprovação na CCJ, o caso chegou ao plenário da Câmara. Conforme antecipou o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), os deputados devem votar ainda hoje. Assim, o mandato da parlamentar pode ser encerrado por condenação criminal definitiva, fato que ampliou a pressão política sobre o tema.

Além disso, o plenário deve analisar o processo de cassação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), acusado de quebra de decoro. Com isso, a Câmara vive uma das sessões mais tensas do ano, marcada por polarização e disputas internas.

Fonte: G1