Governo cria grupo para regulamentar entregadores por apps

Nova iniciativa busca definir regras de proteção e remuneração para trabalhadores que dependem das plataformas digitais.

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Entregador de moto em ambiente urbano noturno, com documentos digitais ao fundo, representando a regulamentação de entregadores por aplicativos.
Entregador circula à noite enquanto governo avança na regulamentação de entregadores por aplicativos.

O governo federal criou um grupo de trabalho para regulamentar entregadores por aplicativos, retomando um debate que, apesar de frequente, evoluiu pouco nos últimos anos. Dessa forma, a nova medida tenta responder a uma demanda crescente da categoria, que reivindica direitos, remuneração justa e transparência nas plataformas.

Estrutura do grupo e objetivos

O GT reúne representantes do Ministério do Trabalho e Emprego, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, além de entidades e sindicatos que representam entregadores em todas as regiões do Brasil. Assim, o governo pretende construir uma regulamentação mais técnica, abrangente e alinhada às necessidades reais do setor.

Durante a apresentação, o ministro Guilherme Boulos destacou que o debate será separado das discussões sobre motoristas de aplicativo. Segundo ele, essa distinção se tornou necessária porque as demandas de cada categoria diferem em vários aspectos. Por isso, a proposta atual avança exclusivamente sobre os entregadores, embora o Congresso analise um projeto de lei mais amplo.

Demandas principais em debate

As discussões do grupo se concentram em três pilares essenciais:

1. Remuneração justa

A categoria reclama de ganhos insuficientes, especialmente quando jornadas se estendem por longas horas. Assim, o GT busca propor parâmetros que garantam pagamentos mais equilibrados e compatíveis com os custos de trabalho.

2. Proteção previdenciária e seguro

Muitos entregadores atuam sem qualquer cobertura em caso de acidentes. Por isso, a criação de mecanismos de proteção previdenciária e seguro contra acidentes tornou-se um dos pontos mais urgentes. A ideia é evitar que profissionais permaneçam desamparados diante de doenças ou lesões.

3. Transparência nos algoritmos

Ao mesmo tempo, entregadores cobram clareza sobre como as plataformas distribuem corridas e definem valores. Em razão disso, o grupo pretende analisar formas de ampliar a transparência algorítmica, reduzindo dúvidas e possíveis distorções nos critérios de distribuição.

Resistência das empresas

Embora as empresas concordem em discutir parte das propostas, elas demonstram resistência quando o tema é a implementação de um piso salarial. Segundo o governo, essa é a pauta que enfrenta maior oposição, já que impacta diretamente o modelo econômico das plataformas. Ainda assim, representantes dos trabalhadores defendem que o piso é essencial para melhorar a previsibilidade de renda.

Cronograma, expectativas e tensões

O grupo terá inicialmente 60 dias para apresentar propostas consolidadas. No entanto, o prazo pode ser ampliado caso as discussões avancem de forma mais complexa do que o previsto. Conforme destacou a Agência Brasil, lideranças enxergam a medida como tentativa de finalmente resolver um impasse que se prolonga há cerca de quatro anos. Assim, o processo gera expectativas entre trabalhadores que aguardam mudanças estruturais.

Por que o tema ganhou urgência

A pauta da regulamentação ganhou força por diversos motivos. Primeiramente, o crescimento acelerado do setor ampliou a informalidade e expôs milhões de trabalhadores a riscos diários. Além disso, a ausência de direitos mínimos estimulou protestos pela criação de uma taxa mínima por entrega. Por isso, o governo argumenta que a regulamentação é indispensável para garantir proteção, renda e segurança.

O que vem a seguir no debate

Com o avanço da economia digital, a implementação de regras claras para entregadores se tornou inevitável. Portanto, o novo grupo de trabalho representa um passo relevante para estruturar diretrizes sobre remuneração, proteção previdenciária e transparência algorítmica. Ainda que o debate seja complexo, há expectativa de que as propostas resultem em melhorias concretas para milhões de brasileiros que dependem desse trabalho.

Fonte: Olhar Digital