Teleatendimento do SUS para apoio em saúde mental de pessoas viciadas em apostas eletrônicas.
Arte destaca o teleatendimento do SUS e a plataforma de bloqueio de CPF lançados pelo governo para combater o vício em apostas eletrônicas.

O governo federal ampliou as estratégias de enfrentamento ao vício em apostas eletrônicas. Agora, o SUS terá teleatendimento em saúde mental para viciados em bets, oferecendo suporte especializado e atuação direta sobre casos de compulsão. Além disso, o pacote inclui uma plataforma que permitirá bloquear o CPF em sites de jogos, o que reforça as ações de prevenção e reduz a exposição dos usuários.

Teleatendimento começa em fevereiro de 2026

O Ministério da Saúde iniciará, em fevereiro de 2026, 450 atendimentos online mensais, todos voltados a transtornos relacionados a jogos. Como o serviço funcionará de forma integrada à rede pública, as equipes poderão acionar rapidamente unidades do SUS quando houver necessidade de atendimento presencial.

Alexandre Padilha explicou que os atendimentos online permitirão identificar comportamentos compulsivos e mapear fatores de risco. Além disso, segundo ele, o sistema tornará mais ágil o contato com pessoas que se encontram em sofrimento psicológico.

Plataforma de autoexclusão reforça prevenção

O governo lançará, no dia 10 de dezembro, uma plataforma de autoexclusão destinada a pessoas que desejam se afastar das apostas. A ferramenta bloqueará o CPF do usuário, impedindo cadastros, publicidade direcionada e criação de novas contas em sites de jogos.

Como estudos apontam que as bets provocam R$ 38,8 bilhões em perdas sociais e econômicas anuais, o bloqueio voluntário deve reduzir estímulos ao comportamento compulsivo. Além disso, a medida cria uma barreira imediata para quem tenta interromper o vício.

Observatório integrará dados para orientar políticas públicas

O Ministério da Saúde e o Ministério da Fazenda também criarão o Observatório Brasil Saúde e Apostas Eletrônicas, que reunirá dados, analisará padrões e auxiliará na elaboração de políticas públicas. Dessa forma, a equipe técnica poderá agir rapidamente ao detectar grupos vulneráveis ou regiões com maior incidência de transtornos ligados ao jogo.

Crescimento dos atendimentos no SUS

Os dados da pasta da Saúde mostram um avanço consistente nos casos relacionados a apostas. Em 2023, o SUS registrou 2.262 atendimentos. Em 2024, o total avançou para 3.490. Já entre janeiro e junho de 2025, a rede contabilizou 1.951 atendimentos.

Além disso, o diretor Marcelo Kimati destacou que o perfil mais afetado envolve homens de 18 a 35 anos, negros, separados ou desempregados. Como esse grupo enfrenta estresse constante, rompimentos de rotina e isolamento social, o risco de desenvolver compulsão aumenta significativamente.

Medidas regulatórias e lacunas anteriores

Durante o anúncio, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a autorização das bets em 2018 não veio acompanhada de regulamentação adequada. Por isso, o governo atual criou regras que impedem o uso de CPFs de crianças, beneficiários do BPC e inscritos no Bolsa Família em sites de apostas. Além disso, a nova regulamentação estabelece obrigações mais rígidas para empresas do setor, o que reduz práticas abusivas e amplia a proteção do usuário.

Impacto das ações anunciadas

Com a decisão de que o SUS terá teleatendimento em saúde mental para viciados em bets, o governo busca fortalecer o cuidado, reduzir danos e oferecer novas ferramentas contra o vício em apostas eletrônicas. As iniciativas ampliam a proteção dos usuários, organizam a resposta do Estado e criam alternativas reais de assistência para quem enfrenta compulsão.

Fonte: Agência Brasil