Médicos operam coração de feto dentro do útero em hospital do RS

Cirurgia inédita corrige malformação grave e melhora chances de vida antes do nascimento

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O Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, realizou uma cirurgia cardíaca fetal que marcou um avanço para a medicina do país. A intervenção, feita na 29ª semana de gestação, tratou uma atresia de valva pulmonar e devolveu o fluxo sanguíneo necessário para o desenvolvimento saudável do coração do bebê. Como resultado, a equipe evitou a evolução de complicações graves após o parto.

Diagnóstico acendeu o alerta durante exame de rotina

O problema apareceu em um exame morfológico. Os médicos perceberam que a válvula pulmonar do feto não se abria. Por isso, o sangue não chegava aos pulmões e o lado direito do coração não conseguia se desenvolver. Diante do risco, a equipe concluiu que a cirurgia intrauterina era a opção mais segura.

Além disso, o caso exigia uma resposta rápida. A malformação poderia comprometer a vida da criança logo após o nascimento. Dessa forma, a decisão pelo procedimento aconteceu de forma coordenada entre obstetras, cardiologistas intervencionistas e especialistas em cardiopatias congênitas.

Como a cirurgia foi realizada

Hospital em Porto Alegre realiza cirurgia cardíaca fetal para tratamento de malformação congênita. Imagem: Hospital Moinhos de Vento / Divulgação

A intervenção utilizou uma técnica minimamente invasiva. Com acesso percutâneo, os especialistas introduziram uma agulha através do útero até alcançar a válvula cardíaca fechada. Em seguida, passaram um cateter para abrir a obstrução e restabelecer o fluxo sanguíneo.

Segundo o coordenador do Serviço de Cirurgia Fetal, Eduardo Becker, a precisão foi decisiva para o sucesso:
“Conseguimos recuperar o fluxo na artéria pulmonar e permitir que o coração volte a se desenvolver de forma adequada.”

A operação durou poucos minutos, mas exigiu atenção constante da equipe, já que qualquer movimento poderia alterar o posicionamento do cateter.

Recuperação mostra evolução positiva

Desenvolvimento de um bebê dentro da placenta (Imagem: vetre/Shutterstock)

Logo após a cirurgia, o ultrassom revelou que a válvula estava aberta e o sangue circulava normalmente. Esse resultado imediato trouxe alívio para a equipe e, principalmente, para a gestante.

A mãe, Jéssica Peruzzo, descreveu o processo como emocional e desafiador. Entretanto, ela afirmou que o acolhimento dos profissionais deu forças para seguir:
“O medo virou confiança. Quero que outras mães entendam a importância dos exames cardíacos na gestação. Eles podem salvar vidas.”

Avanço importante para a medicina fetal no Brasil

O procedimento reforça o avanço das técnicas de cirurgia fetal no país. Embora a abordagem ainda seja rara, ela amplia as possibilidades de intervenção e reduz a necessidade de cirurgias complexas após o parto.

Além disso, casos como esse mostram que o diagnóstico precoce e a ação rápida podem transformar o desfecho de gestantes que enfrentam malformações cardíacas graves.

Importância do avanço

A cirurgia realizada em Porto Alegre representa um marco. Ela não apenas corrigiu a obstrução, mas também garantiu melhores condições para o nascimento do bebê. Com isso, o caso se torna um exemplo de como a medicina fetal evolui e oferece novas perspectivas para famílias afetadas por cardiopatias congênitas.

Fonte: Olhar Digital