Suspensão das tarifas de 10% sobre produtos agrícolas anunciada pelo governo dos EUA.
Arte de capa sobre a suspensão das tarifas de 10% em produtos agrícolas, anunciada pelo governo Trump e que afeta itens exportados pelo Brasil.

Suspensão parcial das tarifas

O governo dos EUA anunciou a suspensão de parte das tarifas de 10% aplicadas a produtos agrícolas importados. A decisão, assinada por Donald Trump, busca aliviar a pressão da inflação sobre o mercado americano. Entretanto, a medida não muda a tarifa extra de 40% aplicada exclusivamente ao Brasil, o que mantém vários setores brasileiros em desvantagem competitiva.

Além disso, a Casa Branca afirma que a mudança considera recomendações técnicas e a necessidade de maior estabilidade no comércio internacional.

Produtos brasileiros ainda afetados

Os itens brasileiros continuam entre os mais prejudicados, pois permanecem sob a tarifa adicional de 40%. Entre os produtos mais afetados estão:

  • café

  • carne bovina

  • frutas brasileiras, como banana, coco e laranja

  • açaí e castanha-do-pará

  • mandioca, tapioca e outros derivados do agro

Assim, apesar da suspensão global, o Brasil ainda enfrenta dificuldades para recuperar participação no mercado dos EUA.

Pressão interna sobre Trump

Nos últimos meses, a inflação dos alimentos nos EUA aumentou consideravelmente. O café, por exemplo, sofreu alta expressiva, já que o país depende quase integralmente de importações. Dessa forma, a tarifa contra o Brasil acabou ampliando o impacto sobre os consumidores.

Segundo dados oficiais, as exportações de café brasileiro para os EUA caíram 47% em setembro, em comparação com 2024. Esse cenário levou o governo americano a recuar parcialmente.

Além disso, durante conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump admitiu que o país estava “sentindo falta” de produtos brasileiros, o que reforçou a urgência da mudança.

Impacto direto no setor agrícola

O Brasil é um dos principais fornecedores de alimentos para os EUA. Por isso, qualquer alteração tarifária gera impacto imediato nas exportações. O país, inclusive, lidera o fornecimento de café, ocupa posição estratégica na venda de carne bovina e aparece entre os maiores exportadores de frutas tropicais.

Por outro lado, enquanto o Brasil permanece com tarifa elevada, países concorrentes — como Argentina, Guatemala, Equador e El Salvador — ganham vantagem imediata no acesso ao mercado americano.

Posteriormente, entidades brasileiras comemoraram a suspensão parcial, mas ressaltaram que apenas a revisão da tarifa exclusiva ao país trará alívio real ao setor.

Escassez de carne nos EUA

Os EUA atravessam o menor número de cabeças de gado em mais de 70 anos. Como consequência, o preço da carne bovina subiu, mesmo com o consumo interno mantendo-se forte. Dessa forma, a suspensão das tarifas tende a aumentar a oferta, beneficiando outros exportadores e reduzindo parcialmente a pressão sobre o consumidor americano.

Contudo, as declarações de Trump sobre comprar mais carne da Argentina irritaram produtores locais, mostrando que o tema ainda gera tensão política.

Caminho das negociações

As negociações entre Brasil e EUA avançam desde setembro. O ministro Mauro Vieira e o secretário de Estado Marco Rubio se reuniram duas vezes na última semana. Conforme o ministro, existe chance de anunciar um acordo inicial ainda neste mês.

Além disso, um eventual avanço abriria espaço para discutir a tarifa de 40%, considerada o principal impasse entre os países. O Itamaraty, portanto, aguarda a resposta oficial à proposta enviada em 4 de novembro.

Enquanto isso, diplomatas observam que o governo americano, pressionado pela inflação, tende a acelerar o diálogo para evitar desgaste econômico.

O que vem pela frente

Apesar da suspensão global, os exportadores brasileiros ainda enfrentam incertezas. Contudo, a mudança sinaliza possível flexibilização tarifária, o que aumenta o otimismo do setor. Dessa forma, empresários esperam que a revisão da tarifa direcionada ao Brasil ocorra nas próximas etapas da negociação.

Além disso, analistas afirmam que o impacto político da inflação nos EUA pode estimular novas concessões comerciais. Assim, os próximos dias serão decisivos para definir o ritmo do acordo.

Fonte: BBC Brasil