Logo dos Correios rachado sobre fundo amarelo e azul com gráficos em queda, simbolizando a crise financeira da estatal
Arte mostra o símbolo dos Correios com rachaduras e luz dourada ao fundo, representando o esforço da estatal em buscar um empréstimo de R$ 20 bilhões para reequilibrar suas finanças.

Os Correios anunciaram que estão em negociação com bancos públicos e privados para obter um empréstimo de R$ 20 bilhões. O objetivo é recuperar a liquidez, retomar a capacidade operacional e, ao mesmo tempo, restabelecer a confiança do mercado. A medida faz parte de uma tentativa mais ampla de reorganizar as finanças da estatal, que enfrenta um dos períodos mais críticos de sua história recente.

Empresa tenta recuperar liquidez e manter operações

De acordo com o presidente Emmanoel Schmidt Rondon, no cargo há menos de um mês, o contrato de crédito ainda está em fase de negociação. Segundo ele, os Correios buscam obter um empréstimo bilionário como parte central de um plano de reestruturação financeira que prevê, além da captação de recursos, corte de despesas, venda de imóveis e lançamento de novos produtos.

“Precisamos recuperar a liquidez da empresa para ter capacidade de pagar o Plano de Demissão Voluntária (PDV) e restabelecer o fluxo de caixa”, afirmou Rondon.

O novo aporte deve garantir fôlego para que a estatal regularize pagamentos atrasados a fornecedores, planos de saúde e programas como o Remessa Conforme e o Postalis, fundo de pensão dos funcionários. Dessa forma, a empresa busca restabelecer sua credibilidade junto aos parceiros e empregados.

Prejuízo no primeiro semestre de 2025

O balanço financeiro divulgado em setembro revelou um prejuízo de R$ 4,3 bilhões apenas no primeiro semestre de 2025. Em comparação com o mesmo período de 2024, quando o déficit havia sido de R$ 1,3 bilhão, o aumento é expressivo.
Além disso, a estatal já havia consumido 92% do caixa disponível e recorrido a um empréstimo emergencial de R$ 1,8 bilhão para manter as operações básicas.

Essa situação provocou atrasos nos repasses a agências conveniadas e problemas no plano de saúde dos empregados, o que afetou diretamente o ritmo de entregas e o atendimento nas unidades. Além disso, os Correios continuam a buscar um empréstimo bilionário para superar tais dificuldades.

Três eixos do plano de recuperação

O plano estratégico apresentado pela nova gestão dos Correios está dividido em três frentes principais:

  1. Corte de despesas operacionais e administrativas, incluindo um novo PDV e a renegociação de contratos.

  2. Busca por diversificação de receitas, especialmente com novos produtos e o lançamento de um marketplace próprio. Essa diversificação refere-se à estratégia dos Correios para evitar recorrências como a busca atual de empréstimos bilionários.

  3. Captação de R$ 20 bilhões em empréstimos para reequilibrar o fluxo de caixa e financiar a reestruturação entre 2025 e 2026.

Com essas medidas, a direção acredita que será possível reduzir o déficit estrutural e garantir a sustentabilidade da empresa no longo prazo.

Reestruturação iniciada em maio

Antes mesmo da chegada da nova gestão, ações emergenciais já estavam em curso. Em maio, por exemplo, a empresa promoveu a redução de 20% das funções comissionadas, suspendeu férias e reduziu a jornada de trabalho. Além disso, deu início à venda de imóveis ociosos para gerar receita imediata, enquanto ainda buscavam um enorme empréstimo para sustentar suas operações.

Apesar disso, o atual presidente reconhece que os efeitos foram limitados. Segundo ele, as medidas anteriores tiveram caráter paliativo, mas não promoveram uma transformação duradoura.

“As medidas anteriores foram emergenciais, não reestruturantes. Agora buscamos ações de impacto duradouro”, afirmou Rondon.

Dívidas e obrigações adiadas

Em julho, os Correios adiaram o pagamento de R$ 2,75 bilhões em obrigações, entre dívidas tributárias, repasses a fundos internos e valores devidos a fornecedores. A estatal justificou que a decisão foi necessária para preservar a liquidez e manter as atividades essenciais.

Mesmo diante da crise, o presidente assegurou que a empresa segue comprometida em garantir o funcionamento dos serviços postais e restaurar a confiança da população. Contudo, sem dúvida, os Correios intensificaram sua busca por um empréstimo bilionário para equilibrar suas contas.

Fonte: G1