Homem serve bebida alcoólica em copo com gelo; texto alerta para o risco do metanol no corpo humano.
Arte alerta para os perigos do consumo de metanol, que pode causar cegueira em até 48 horas após a ingestão.

Primeiras 12 horas: sintomas leves escondem ameaça grave

Nas primeiras horas após a ingestão de metanol, o corpo reage como se estivesse lidando com o etanol, o álcool comum presente em bebidas. A vítima pode sentir náuseas, tontura, dor abdominal e dor de cabeça, sintomas que se confundem com uma bebedeira leve.

No entanto, enquanto o mal-estar parece passageiro, o fígado já está em ação, convertendo o metanol em formaldeído e, depois, em ácido fórmico — compostos altamente tóxicos para o organismo.

Segundo o médico Luis Fernando Penna, do Hospital Sírio-Libanês, exames laboratoriais nesse período já mostram sinais de acidose metabólica, condição que pode evoluir rapidamente se não tratada.

De 12 a 24 horas: visão começa a falhar e cérebro sofre

Entre 12 e 24 horas, o quadro se agrava. O ácido fórmico atinge principalmente os tecidos com alto consumo de energia, como a retina e o nervo óptico. O paciente pode apresentar visão borrada, fotofobia e até a impressão de estar vendo “chuva de pixels”.

A médica hematologista Indianara Brandão, da Faculdade de Medicina do ABC, compara o fígado a uma “biofábrica de veneno” nesse estágio. “Ele tenta eliminar o metanol, mas acaba produzindo substâncias ainda piores”, alerta.

A cegueira pode se instalar em poucas horas, e a respiração acelerada, fraqueza e confusão mental indicam o avanço da acidose.

Até 48 horas: risco de cegueira irreversível e morte

Se não houver intervenção médica em até dois dias, os efeitos tóxicos do ácido fórmico se espalham, comprometendo coração, pulmões, rins e sistema nervoso central. O paciente pode sofrer convulsões, coma e falência múltipla de órgãos.

De acordo com Igor Mochiutti, infectologista do Hospital Metropolitano Lapa, após 48 horas sem tratamento, as chances de reverter a cegueira e os danos cerebrais caem drasticamente.

O tratamento envolve o uso de antídotos como fomepizol ou etanol, que bloqueiam a metabolização tóxica. Em casos graves, a hemodiálise é necessária para remover os compostos.

Metanol ou etanol: o perigo está na confusão

A confusão ocorre porque metanol e etanol são álcoois de cadeia curta, metabolizados pela mesma enzima no fígado. Enquanto o etanol vira ácido acético, o metanol é transformado em ácido fórmico, altamente tóxico.

Por isso, testes de laboratório são essenciais para diagnosticar a intoxicação por metanol. E, principalmente, cada hora conta para evitar sequelas irreversíveis.

Alerta final: cada hora sem tratamento custa caro

A ingestão de bebidas adulteradas com metanol é uma armadilha silenciosa. Os sintomas iniciais enganam, mas o risco real surge em poucas horas, podendo levar à cegueira irreversível e até à morte. O alerta das autoridades é claro: diante de qualquer suspeita, busque atendimento médico imediatamente.

Fonte: G1