Arte com fundo de farinha em prato branco e frutos amazônicos, com título “A revolução da farinha amazônica” e subtítulo sobre tecnologia social.
Arte destaca o impacto do Projeto Quirera, da Embrapa, na transformação de farinhas artesanais da Amazônia em negócio sustentável, com saberes quilombolas e tecnologia social.

Comunidades quilombolas e ciência se unem no Pará

Com o apoio da Embrapa, comunidades quilombolas da região Bragantina, no nordeste do Pará, conseguiram transformar a produção de farinhas artesanais da Amazônia em um modelo sustentável de negócio. A iniciativa nasceu do Projeto Quirera, que une tradição, inovação e preservação ambiental.

Inovação social aumenta produção e reduz perdas

Antes, produziam até 10 quilos por semana com perdas elevadas. Hoje, no entanto, com secadores elétricos adaptados e peças acessíveis, como ventiladores e carrinhos de padaria, a produção saltou para 40 quilos semanais, com alto padrão de higiene. Essa transformação foi possível graças à escuta ativa das comunidades, que participaram de cada etapa da implementação tecnológica.

Mulheres e jovens retomam protagonismo no campo

Mãos de mulheres e jovens seguram uma bandeja com alimentos típicos amazônicos, como bolo, farinha e frutos, decorados com flores.
Mulheres e jovens apresentam farinhas artesanais e alimentos da sociobiodiversidade em agroindústria comunitária da Rede Bragantina, no Pará.

As agroindústrias familiares agora contam com estufas solares e elétricas, maquinário adaptado e treinamento em boas práticas. Além disso, farinhas de cará, banana, araruta, pupunha e tucumã ganharam valor de mercado por serem sem glúten e altamente nutritivas. Por consequência, mulheres voltaram a liderar a produção e jovens passaram a se interessar novamente pela vida no campo.

Saberes tradicionais valorizados e floresta preservada

Raízes frescas de araruta dispostas ao lado de um prato com farinha branca, sobre fundo desfocado verde e tecido artesanal.
Farinha de araruta, rica em nutrientes e livre de glúten, é um dos alimentos resgatados pelas agroindústrias familiares do Projeto Quirera no Pará.

O projeto também resgatou ingredientes ameaçados de desaparecer, como o cará e a araruta. Ao mesmo tempo, reduziu a pressão sobre o desmatamento. “Se antes pensavam em derrubar, agora plantam”, afirma Nazaré Reis, da Rede Bragantina. Portanto, a floresta em pé passou a ser vista como fonte de renda e segurança alimentar.

Modelo da Embrapa poderá ser replicado em todo o país

Três mulheres da Rede Bragantina, usando toucas e camisetas padronizadas, exibem produtos de farinha artesanal e preparam alimentos com ingredientes amazônicos.
Mulheres quilombolas da agroindústria comunitária mostram farinhas sem glúten, rótulos próprios e alimentos preparados com ingredientes amazônicos do Projeto Quirera.

Diante do sucesso na região Bragantina, a Embrapa já estuda levar o modelo a outros territórios tradicionais. “Nosso sonho é que pequenas agroindústrias se multipliquem, levando dignidade, saúde e floresta em pé por toda a Amazônia”, destaca Laura Abreu. Em resumo, o projeto mostra que é possível aliar ciência e cultura local para transformar o Brasil rural.

Fonte: Embrapa