abelhas polinizando flor ao lado de frutas e legumes sobre mesa de madeira
Imagem mostra abelhas polinizando flor de maracujá, enquanto alimentos como maçã, tomate e cenoura aparecem desbotando, simbolizando o impacto do colapso da polinização.

A polinização está em risco no Brasil, o que ameaça diretamente a quantidade e a qualidade dos alimentos que chegam à mesa da população. Sem as abelhas, muitos alimentos podem desaparecer ou ficar mais caros, afetando produtores e consumidores.

A dependência invisível das lavouras brasileiras

Hoje, cerca de 75% das plantações no mundo dependem da polinização, segundo especialistas. No Brasil, esse serviço é avaliado em R$ 50 bilhões por ano, conforme estudo da Embrapa. Isso significa que o impacto da perda de abelhas não é apenas ambiental, mas também econômico.

Além disso, alimentos como maçã, melão, maracujá, café e soja são altamente dependentes dessa atividade. Em muitos casos, os produtores precisam alugar colmeias para garantir a produção, o que encarece o custo e reforça a urgência de soluções sustentáveis.

Abelhas em extinção e prejuízos milionários

O avanço do desmatamento, o uso intensivo de agrotóxicos, as mudanças climáticas e a presença de espécies invasoras estão entre as principais causas do declínio das abelhas. Isso já tem gerado perdas expressivas.

Por exemplo, em Minas Gerais, 15 milhões de abelhas-africanas morreram em 2023 após contato com o agrotóxico Tiametoxam. O caso resultou em um prejuízo direto de R$ 420 mil e evidenciou o risco que se espalha por todo o território nacional.

Polinização feita à mão: um sinal de alerta

Em plantações de maracujá, a escassez da mamangava, abelha responsável pela polinização da flor, obriga produtores a recorrerem a métodos manuais. Em algumas situações, a polinização é feita com pincéis ou com os próprios dedos, o que aumenta o custo e reduz a produtividade.

Ainda mais preocupante é o impacto sobre a qualidade. Um estudo da Embrapa mostrou que, quando há presença de abelhas em cafezais, o faturamento da produção de café arábica pode subir em até R$ 22 bilhões ao ano. Ou seja, proteger os polinizadores é garantir lucro e segurança alimentar.

Como preservar os polinizadores e evitar o colapso

A principal estratégia para preservar as abelhas é manter as florestas em pé e restaurar áreas degradadas. Isso garante habitat natural e melhora o equilíbrio do ecossistema. De acordo com Cristiano Menezes, da Embrapa, produtores que preservam a vegetação nativa colhem mais e ganham melhor.

Além disso, práticas como polinização assistida, criação de abelhas sem ferrão, uso de fertilizantes não tóxicos e aluguel de colmeias também fazem parte do caminho. Conforme a região, algumas ameaças se destacam mais. Na Amazônia, o desmatamento e as mudanças no regime de chuvas são os vilões. Já no Sul e Sudeste, a contaminação por agrotóxicos lidera o problema.

Fonte: G1