criança em tratamento oncológico sorri para médico em hospital infantil
Arte de capa destaca a história de pai brasileiro que criou iniciativa global de combate ao câncer infantil raro.

Um pai movido pela urgência de salvar o próprio filho

O gaúcho Fernando Goldsztein transformou a dor do diagnóstico do filho Frederico, aos 9 anos, em uma revolução científica contra o câncer infantil. Câncer infantil é uma condição devastadora. Frederico passou a sentir dores de cabeça e vômitos sem causa aparente. Após insistência médica, o diagnóstico veio: meduloblastoma, um tumor cerebral raro e agressivo.

Embora o tratamento tenha sido iniciado, os médicos informaram que não havia resposta efetiva. A doença retornou com força. Mesmo no caso do câncer infantil, muitos pais se recusam a desistir. Diante da gravidade do quadro, Goldsztein tomou uma decisão: buscaria por conta própria alternativas reais de cura.

Medulloblastoma Initiative: união entre dor, ciência e colaboração

Foi assim que nasceu a Medulloblastoma Initiative (MBI), em 2021. Desde então, a proposta cresceu rapidamente. Em apenas 30 meses, arrecadou US$ 11 milhões (cerca de R$ 59 milhões) e firmou parcerias com 17 instituições renomadas nos Estados Unidos, Canadá e Alemanha para combater o câncer infantil.

Graças ao modelo colaborativo, as pesquisas ganham velocidade. Antes, descobertas levavam mais de uma década para atingir os pacientes. Agora, isso ocorre em tempo recorde. Cada laboratório contribui com uma parte do quebra-cabeça, sem sobreposição de esforços ou isolamento de dados. Isso é vital em projetos de câncer infantil.

Reconhecimento internacional e avanços concretos

A MBI chamou atenção do Massachusetts Institute of Technology (MIT). A universidade reconheceu o projeto como modelo de financiamento replicável para doenças raras. Isso porque o impacto não se limita ao meduloblastoma. O formato pode servir para acelerar outras pesquisas oncológicas.

Nos próximos meses, a iniciativa dará início ao primeiro ensaio clínico com imunoterapia avançada. Esse tratamento foi aprovado pela FDA, órgão regulador dos Estados Unidos. Além disso, uma vacina baseada em RNA mensageiro está em desenvolvimento, com possibilidade de distribuição em escala global, focando no câncer infantil.

“Não é uma questão de se, é uma questão de quando encontraremos a cura”, afirma Fernando Goldsztein.

O que é o meduloblastoma?

O meduloblastoma é o câncer cerebral maligno mais comum na infância. Câncer infantil representa cerca de 20% dos tumores pediátricos. Desenvolve-se no cerebelo, região do cérebro ligada ao equilíbrio e à coordenação motora.

Segundo o hematologista pediátrico Cláudio Galvão de Castro Junior, conselheiro da MBI, a maioria dos casos é diagnosticada entre 5 e 9 anos de idade. Embora ocorra em adultos, é mais frequente em meninos na infância.

Os sintomas envolvem dores de cabeça matinais, vômitos persistentes, alterações na visão e no equilíbrio. Em bebês, o aumento do perímetro da cabeça também pode ser um indicativo. Por isso, é essencial que pais e profissionais de saúde fiquem atentos. A detecção precoce é determinante para o tratamento.

Avanços buscam tratar sem comprometer a qualidade de vida

O tratamento convencional — que inclui cirurgia, quimioterapia e radioterapia — ainda impõe efeitos colaterais severos. Crianças enfrentam perdas cognitivas, déficits hormonais e, em muitos casos, perda auditiva.

Contudo, a medicina tem avançado. Estudos atuais testam terapias mais direcionadas, com menos toxicidade e mais eficiência. Pesquisadores também trabalham para reduzir a dose de radiação em pacientes de menor risco, aumentando assim a qualidade de vida a longo prazo.

Fonte: CNN Brasil