Jair Bolsonaro segura uma latinha com expressão séria e olhar para cima. Tarja em destaque informa sua condenação a 27 anos e 3 meses de prisão por plano de golpe.
Ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado pelo STF a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado.

STF define punição inédita para tentativa de ruptura democrática

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. A pena será cumprida em regime fechado, além de incluir 124 dias-multa, somando aproximadamente R$ 316 mil.

Essa decisão representa um marco inédito na história do país, pois nunca um ex-presidente havia sido condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito. Portanto, o julgamento entra para os registros mais significativos da democracia brasileira.

Bolsonaro liderou esquema com militares e civis

De acordo com o relator Alexandre de Moraes, Bolsonaro comandou uma organização criminosa armada. O grupo tinha como objetivo impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Assim, o STF reconheceu que o ex-presidente cometeu cinco crimes:

  • Golpe de Estado

  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito

  • Dano qualificado ao patrimônio da União

  • Deterioração de patrimônio tombado

  • Liderança de organização criminosa armada

A maioria dos ministros (4 a 1) acompanhou Moraes. Votaram pela condenação Cármen Lúcia, Flávio Dino e Cristiano Zanin. Apenas Luiz Fux se posicionou pela absolvição de todos os crimes.

Voto de Moraes detalha planejamento e execução

Durante o julgamento, Moraes explicou que Bolsonaro usou a máquina pública e apoio militar para articular o plano. Ele ressaltou que as ações foram muito além de discursos — houve tentativa concreta de rompimento institucional.

Entre os principais pontos apresentados estavam:

  • A minuta do golpe, discutida com comandantes das Forças Armadas

  • O plano “Punhal Verde e Amarelo”, que cogitava eliminar autoridades

  • A mobilização de acampamentos golpistas diante de quartéis

  • A organização dos atos violentos de 8 de janeiro, em Brasília

Segundo os ministros, essas ações revelaram intenção deliberada de impedir a alternância de poder, o que viola diretamente a Constituição.

Defesa fala em cerceamento e prepara recurso

Luiz Fux foi o único ministro a votar pela absolvição. Para ele, houve cerceamento do direito de defesa e falhas na condução processual. Ele também questionou a validade da delação premiada de Mauro Cid, utilizada como uma das provas.

Apesar disso, a maioria entendeu que os fatos estão bem documentados. Ainda que a sentença tenha sido proferida, a prisão de Bolsonaro só poderá ser executada após o trânsito em julgado — ou seja, quando todos os recursos forem encerrados.

Delação de Mauro Cid fortaleceu investigações

A delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, foi um dos principais fatores que impulsionaram o processo. Conforme seu relato, Bolsonaro articulou com ministros e comandantes militares a tentativa de minar a confiança nas eleições.

A investigação da Polícia Federal identificou vários indícios concretos:

  • Ordens para dificultar o acesso de eleitores em regiões do Nordeste

  • A tentativa de explosão de uma bomba nas proximidades do aeroporto de Brasília

  • Os ataques à sede da Polícia Federal, logo após a diplomação de Lula

  • A articulação dos atos de 8 de janeiro, que causaram destruição nos Três Poderes

Além disso, o caso teve repercussão internacional. Em julho, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, saiu em defesa de Bolsonaro. Ele classificou o julgamento como uma “caça às bruxas”. Em resposta, Alexandre de Moraes afirmou: “Não recuarei nem um milímetro”.

Fonte: CNN Brasil