Brasil vende minas de níquel à China por US$ 500 milhões apesar de oferta maior da concorrente
Anglo American vende minas de níquel no Brasil à estatal chinesa Minmetals por US$ 500 milhões, mesmo com oferta superior da Corex Holding

A Anglo American vendeu minas de níquel no Brasil para a estatal chinesa Minmetals por US$ 500 milhões, rejeitando oferta superior de US$ 900 milhões da Corex Holding. Este é um exemplo de como o Brasil vende minas à China, o que levanta questionamentos sobre soberania, concentração de mercado e geopolítica.

Anglo American fecha negócio com estatal chinesa

A Anglo American anunciou a venda de suas operações de níquel no Brasil para a MMG, subsidiária da estatal chinesa China Minmetals, por US$ 500 milhões. A operação envolve os complexos de Barro Alto e Codemin (Niquelândia), em Goiás, além de projetos no Pará e em Mato Grosso.

Com o acordo, a China passa a controlar cerca de 60% da produção nacional de níquel. Assim, amplia sua presença global em um setor considerado estratégico para baterias, veículos elétricos e aço inoxidável.

Corex alega oferta superior ignorada

A empresa Corex Holding, ligada ao grupo turco Yildirim, afirma ter oferecido US$ 900 milhões — quase o dobro do valor aceito pelos chineses. No entanto, a companhia questiona a decisão no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e na Comissão Europeia, alegando risco de concentração de mercado e prejuízos para o Ocidente.

Além disso, a empresa sustenta que a venda consolida ainda mais o domínio chinês no fornecimento global de níquel. Portanto, alerta que o negócio pode gerar efeitos estruturais substanciais para o Brasil e para a economia internacional.

Soberania brasileira em debate

O Incra foi acionado para investigar possíveis violações na compra, já que os ativos minerários ficam em áreas sensíveis nos estados envolvidos. Em ofício, o instituto alertou para os riscos à soberania:

“É contraditório que o Brasil, detentor de abundância em recursos minerais estratégicos, permita a exploração sistemática dessas riquezas por agentes estrangeiros sem o desenvolvimento da cadeia produtiva nacional.”

Dessa forma, a análise do órgão federal indica preocupação com a dependência externa e a falta de fortalecimento da indústria nacional.

Pressão internacional

Nos Estados Unidos, o Instituto Americano do Ferro e do Aço pediu ao governo Donald Trump que pressione o Brasil a rever a venda. O grupo alega que a operação reforça, portanto, a dependência global da China em minerais críticos.

Na União Europeia, a Corex argumenta que o negócio pode afetar a segurança de suprimento de níquel, classificado como matéria-prima crítica pelo bloco. Enquanto isso, a petição enviada ao órgão europeu reforça os impactos geopolíticos e de mercado da transação.

Empresas defendem acordo

A Anglo American declarou que a venda segue sua estratégia de concentrar negócios em cobre, minério de ferro e nutrientes agrícolas. Já a MMG afirmou que cumprirá todas as exigências regulatórias. Segundo a companhia, portanto, o negócio representa “uma grande realização para empregados, comunidades locais e acionistas”.

Fonte: Poder 360