Alerta de prejuízo na pecuária brasileira com excesso de carne e queda de preços após tarifa dos EUA
Tarifa imposta pelos Estados Unidos causa alerta entre pecuaristas brasileiros diante do risco de superoferta de carne no mercado interno

Nova taxação dos EUA atinge exportações de carne bovina do Brasil e deve derrubar preços pagos ao pecuarista. Com carne em excesso no mercado, o impacto é imediato no campo.

Exportações afetadas por tarifa dos EUA

O setor pecuário brasileiro está em alerta com a nova lista de produtos tarifados pelos Estados Unidos, que inclui a carne bovina. A medida, considerada protecionista por especialistas, ameaça diretamente as exportações do Brasil e pode causar carne em excesso, gerando um efeito cascata na economia rural, principalmente entre os pequenos e médios pecuaristas.

Curral vazio em fazenda brasileira simboliza impacto da carne em excesso no mercado interno
Com a tarifa dos EUA, exportações caem e produção excedente permanece no Brasil, deixando currais e frigoríficos ociosos

Queda de preço no mercado interno

Com a carne brasileira encarecida no exterior, parte da produção destinada à exportação deve permanecer no país. Isso tende a aumentar a oferta interna e pressionar os preços para baixo. “Já estamos vendo os preços dos animais caírem. Para o produtor, isso é muito ruim”, alerta Paulo Valini, diretor-secretário do Sindicato Rural de Cascavel (PR), mencionando que carne pode ficar em excesso.

Segundo ele, 30% das exportações brasileiras aos EUA são de carne bovina, o que torna o impacto ainda mais preocupante. A mudança pode desestimular os investimentos em qualidade, já que muitos produtores haviam elevado padrões para atender mercados exigentes como o americano ao evitar carne em excesso.

Impacto imediato e perspectiva

A curto prazo, o consumidor brasileiro pode se beneficiar com a queda no preço da carne, mas o cenário é instável. “Provavelmente por um certo período o consumidor vai se beneficiar. Mas, depois, a cadeia vai acabar se ajustando”, explica Valini. Ele reforça que substituir o mercado americano não será fácil, e conviver com carne em excesso pode ser desafiador.

De acordo com a ABIEC, em 2024 o Brasil exportou cerca de 320 mil toneladas de carne bovina para os EUA, gerando US$ 1,6 bilhão. Os Estados Unidos são o segundo maior destino da carne brasileira, atrás apenas da China. Esta situação pode agravar ainda mais carne em excesso no mercado.

Pressão política e busca por soluções

Valini aponta que a atitude americana atende a pressões internas de produtores locais e revela uma postura protecionista. O governo brasileiro, por sua vez, estuda reações diplomáticas e alternativas comerciais, mas reconhece que, com carne em excesso, a substituição plena do mercado americano levará tempo.

“A situação exige atenção. Esperamos que novas oportunidades surjam no horizonte”, afirma Valini.

Fonte: Sou Agro