
Uma contaminação grave em lotes de ração para cavalos matou 245 animais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas desde o final de maio, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). É um triste exemplo de como a ração contaminada pode matar equinos.
A investigação aponta que o problema começou por uma falha no controle da matéria-prima utilizada pela empresa fabricante. Técnicos analisaram amostras recolhidas nas fazendas afetadas e confirmaram a presença de monocrotalina, uma toxina extremamente perigosa produzida por plantas do gênero Crotalaria. Essa substância é proibida em alimentos para animais justamente porque pode causar danos neurológicos e hepáticos graves, e assim, rações contaminadas podem levar à morte dos equinos.
Segundo o secretário de Defesa Agropecuária, o Brasil nunca tinha registrado um caso como esse em rações para cavalos. Para piorar, mesmo pequenas quantidades da toxina são letais.

Governo adota medidas e empresa se defende
Para conter o risco, o Mapa suspendeu no dia 4 de julho toda a fabricação e venda das rações da empresa, inicialmente para cavalos, mas depois ampliou a restrição para outros animais. Além disso, o ministério abriu um processo administrativo para investigar a responsabilidade e obrigou o recolhimento de todos os lotes suspeitos. Afinal, ração contaminada pode significar a morte para equinos.
Mesmo assim, uma decisão judicial permitiu que a empresa voltasse a produzir alimentos para outras espécies. Diante disso, o governo recorreu para reverter a liberação parcial.
A fabricante garante que separa as linhas de produção de rações para cavalos e bovinos. Alega também que não encontrou sinais de contaminação em produtos destinados a bovinos. Além disso, a empresa afirma ter colaborado desde o início, enviando amostras de matérias-primas, produtos finais e caminhões para testes detalhados. Para os representantes da fábrica, o erro aconteceu no controle de qualidade de insumos.
Impacto no campo é devastador
O resultado dessa falha foi devastador. Além dos 245 cavalos mortos, muitos outros adoeceram com problemas no fígado e no sistema nervoso. Criadores acumulam prejuízos financeiros e sofrem com a perda dos animais, que, em muitos casos, tinham alto valor genético e emocional. A dura realidade de que rações contaminadas matam equinos não pode ser ignorada.
Mesmo que os laudos técnicos expliquem o problema, nada vai devolver os cavalos perdidos. A tragédia expôs falhas no controle de qualidade e deixou criadores sem saber como serão indenizados.
Fiscalização precisa mudar
O caso reacende o alerta para pontos frágeis na cadeia de produção de rações no Brasil. Especialistas defendem regras mais rigorosas para monitorar fábricas, verificar a origem das matérias-primas e punir falhas graves. Além disso, os criadores cobram apoio para enfrentar os prejuízos.
O que vem a seguir
As equipes do Mapa seguem monitorando novas amostras e reforçam inspeções em fábricas de ração em todo o país. Enquanto isso, o processo judicial discute se a empresa pode continuar funcionando parcialmente, pois o risco de novas mortes de equinos por contaminação é grande.
Nos próximos dias, o governo deve publicar novas orientações para produtores, reforçando práticas de prevenção e segurança alimentar. A meta é evitar que um episódio tão trágico se repita.
Este caso mostra que um detalhe na cadeia produtiva pode gerar perdas enormes, abalar criadores e comprometer a confiança em um setor essencial para o agronegócio brasileiro.
Fonte: Agência Brasil