
Remédio experimental faz pacientes com diabetes tipo 1b abandonarem a insulina
Pesquisadores de um consórcio internacional desenvolveram um medicamento experimental que provocou a cura do diabetes tipo 1b em pacientes com casos graves da doença. Após 12 meses de tratamento, todos os voluntários pararam de usar insulina e mantiveram os níveis de glicose sob controle.
Além disso, nenhum dos dez participantes apresentou crises ou internações após o protocolo. O resultado surpreendeu os médicos e representa um avanço promissor para o tratamento de doenças autoimunes raras.

Por que o diabetes tipo 1b é mais difícil de tratar?
O diabetes tipo 1b não apresenta os anticorpos autoimunes típicos do tipo 1. Como consequência, os médicos enfrentam dificuldades no diagnóstico e no controle da doença. Os pacientes, em sua maioria, sofrem com cetoacidose recorrente e vivem sob risco constante de hospitalização.
A endocrinologista Patrícia Albuquerque, integrante da equipe do estudo, destaca: “A instabilidade define a rotina desses pacientes. Por isso, a cura do diabetes tipo 1b representa uma virada histórica”.
Como age o novo tratamento?
Os cientistas combinaram um anticorpo monoclonal imunomodulador com um anti-inflamatório inovador. A dupla bloqueia a destruição das células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina.
Durante o acompanhamento, os médicos observaram a estabilização dos índices glicêmicos e a interrupção da progressão inflamatória. Como resultado, os voluntários deixaram de depender de insulina e evitaram novas crises.
Equipes da USP e de Harvard lideram o estudo
O ensaio clínico envolveu instituições de destaque, como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade de Harvard. A publicação oficial do estudo sairá na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology.
O imunologista brasileiro Renato Silva, um dos coordenadores da pesquisa, afirma: “Pela primeira vez, um protocolo atingiu a cura do diabetes tipo 1b com impacto clínico e laboratorial. Isso pode transformar o futuro de milhares de pessoas”.
Além disso, as equipes avaliam o uso da mesma abordagem em outras formas de diabetes autoimune.
Quando o medicamento estará disponível?
Atualmente, o tratamento segue em fase 3 de testes. Os pesquisadores já iniciaram a ampliação do número de voluntários e devem apresentar novos dados até o fim de 2025.
Se os resultados se mantiverem consistentes, o grupo deve solicitar a aprovação emergencial à Anvisa, ao FDA e à EMA no início de 2026. Enquanto isso, os especialistas seguem acompanhando os pacientes e aperfeiçoando o protocolo.
A cura do diabetes tipo 1b, antes considerada impossível, agora ganha respaldo científico. O novo tratamento mostra que é possível estabilizar a doença, suspender o uso de insulina e oferecer qualidade de vida a pacientes antes condenados a internações frequentes.
Dessa forma, a medicina dá mais um passo em direção a terapias transformadoras, que combinam tecnologia, ciência e esperança.