Bolsonaro presta depoimento no STF por tentativa de golpe de 2022
Bolsonaro presta depoimento no STF por tentativa de golpe de 2022

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento nesta terça-feira (10/6) à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado para mantê-lo no poder após a derrota nas eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Bolsonaro integra o chamado “núcleo 1” da investigação, apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como o grupo central da suposta conspiração. Ao todo, oito réus são acusados na ação, que apura os crimes de:

  • organização criminosa armada

  • tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito

  • golpe de Estado

  • dano qualificado pela violência e grave ameaça

  • deterioração de patrimônio tombado

A fase de interrogatórios é uma das últimas etapas do processo. A expectativa é que o julgamento final — que decidirá pela condenação ou absolvição dos réus — ocorra no segundo semestre de 2025. Em caso de condenação, as penas podem ultrapassar 30 anos de prisão.

Interrogatórios no STF

Os interrogatórios começaram na segunda-feira (9/6) e devem seguir até sexta-feira (13/6). Todos os réus precisam comparecer presencialmente à Primeira Turma do STF para responder às perguntas da PGR e dos ministros.

  • O único que participa por videoconferência é o general Walter Braga Netto, que permanece preso no Rio de Janeiro.

  • O tenente-coronel Mauro Cid, delator do caso e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, foi o primeiro a depor.

  • Também prestou depoimento na segunda-feira o deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin.

Depoimentos de terça-feira (10/6)

A sessão foi iniciada às 9h com o depoimento do almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, que negou ao ministro Alexandre de Moraes ter tido acesso à minuta do golpe.

Na sequência, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres declarou que não há qualquer indício de fraude nas urnas eletrônicas. Disse ainda ter ficado “desesperado” com os ataques do dia 8 de Janeiro, classificando a falha no planejamento de segurança como “grave”.

Já o general Augusto Heleno exerceu o direito de permanecer em silêncio diante das perguntas do ministro, respondendo apenas aos questionamentos da defesa.

Durante o depoimento, afirmou:

“É importante que o presidente Bolsonaro colocou que ia jogar dentro das quatro linhas da Constituição, e eu segui isso religiosamente durante todo o tempo em que estive na Presidência. Nunca levei assuntos políticos [ao GSI]. Tínhamos de 800 a 1 mil funcionários e nunca tratei com eles sobre política.”