Casa Branca anuncia tarifas que podem chegar a 245%
Em um documento publicado nesta terça-feira (16), a Casa Branca anunciou que as tarifas impostas contra produtos chineses podem atingir até 245%. A medida combina diferentes dispositivos legais: tarifas da Seção 301, penalidades ligadas à crise do fentanil e sobretaxas por “práticas comerciais desleais” da China.
Entre os produtos afetados estão seringas, veículos elétricos, baterias de lítio, suéteres e insumos industriais. A retaliação é justificada como uma resposta direta às políticas comerciais e sanitárias da China, mas também evidencia uma escalada de tensões com forte carga emocional.
Um segundo mandato marcado pela impulsividade
A decisão reacende o debate sobre o comportamento volátil do presidente Donald Trump em seu segundo mandato. Desde sua reeleição, analistas e diplomatas têm relatado sinais de instabilidade emocional em decisões de alto impacto, com mudanças bruscas de postura e comunicação agressiva contra aliados e adversários.
Especialistas apontam que as novas tarifas contra a China se somam a uma série de medidas impulsivas que afetam a política externa norte-americana — como ameaças à Otan, desentendimentos com líderes europeus e retaliações comerciais sem diálogo prévio com o Congresso.
Política migratória volta a endurecer
Além das tarifas, o governo Trump também retomou com força sua retórica anti-imigração. Nas últimas semanas, voltou a defender o uso das Forças Armadas na fronteira com o México, endureceu a fiscalização contra imigrantes ilegais e insinuou a possibilidade de suspender vistos temporários para países que “não colaboram”.
A comunidade internacional tem reagido com preocupação ao endurecimento das políticas migratórias dos EUA, que já resultaram em episódios de deportação em massa e denúncias de violação de direitos humanos, inclusive de brasileiros.
Reações e impactos econômicos
A nova medida tarifária contra a China foi criticada por setores industriais e por aliados republicanos, que temem impactos na cadeia de suprimentos e no custo de vida dos americanos. Economistas alertam para o risco de inflação e estagnação econômica em ano eleitoral.
Já Pequim classificou a ação como “irracional e politicamente motivada”, afirmando que os Estados Unidos estão instrumentalizando medidas comerciais como forma de chantagem geopolítica.
A imposição de tarifas de até 245% contra produtos chineses não é apenas uma ação econômica — é um reflexo da atual condução emocional e isolacionista da política externa dos EUA sob Donald Trump. Em seu segundo mandato, o presidente parece cada vez mais inclinado a adotar medidas radicais e unilateralistas, aprofundando divisões internas e externas que podem repercutir por muito tempo.
