A Polícia Federal indiciou o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, por suspeita de manipulação de resultados no futebol. O caso envolve a derrota do clube carioca para o Santos, por 2 x 1, no dia 1º de novembro de 2023, em Brasília. Segundo os investigadores, o jogador teria provocado intencionalmente um cartão amarelo durante a partida, com o objetivo de favorecer apostadores — incluindo parentes.

Além de Bruno Henrique, as autoridades também indiciaram seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, a cunhada Ludymilla Araújo Lima e a prima Poliana Ester Nunes Cardoso. Todos teriam apostado na ocorrência da punição durante o jogo.

Conversas revelam plano antecipado

De acordo com o inquérito, Bruno Henrique trocou mensagens com o irmão dois meses antes da partida. Wander perguntou quando o jogador levaria o terceiro cartão. Bruno respondeu de forma direta: “Contra o Santos”. Essa evidência reforçou a suspeita de que a ação foi planejada com antecedência.

Além dos familiares, seis amigos de Wander também teriam participado das apostas. Por isso, os investigadores ampliaram o escopo da operação.

Apostas chamaram atenção pelo padrão incomum

Enquanto o jogo se aproximava, plataformas de apostas registraram uma movimentação atípica. Em duas delas, cerca de 90% dos palpites apontavam para a punição de Bruno Henrique. Para efeito de comparação, o histórico de dois anos do atleta mostrava apenas 20% de chance de advertência.

Além disso, várias contas usadas nas apostas foram criadas na véspera da partida. Esse fato elevou ainda mais o grau de suspeita entre os analistas.

Jogada e expulsão fortaleceram tese da PF

Durante o segundo tempo, Bruno Henrique cometeu uma falta dura em Soteldo. O árbitro Rafael Klein aplicou o cartão amarelo na hora. Em seguida, após uma ofensa verbal, o jogador foi expulso. A súmula da partida confirmou os dois episódios.

Consequentemente, a Polícia Federal considerou que os atos foram intencionais. Segundo a análise, o jogador teria atuado de forma deliberada para atender às condições da aposta.

CBF recebeu alerta de empresas de integridade

Paralelamente, a CBF foi informada pela empresa SportRadar, especializada em detectar fraudes no esporte. Além disso, as plataformas Betano, Galera Bet e KTO também enviaram relatórios apontando o alto volume de apostas irregulares.

Diante dos indícios, o Ministério Público do Distrito Federal e a Polícia Federal lançaram a operação Sport-Fixing. Como resultado, foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão. As autoridades apreenderam celulares, computadores e documentos que podem ajudar a esclarecer o esquema.

Flamengo reforça compromisso com a legalidade

Por fim, o Flamengo divulgou nota oficial. O clube afirmou que não foi formalmente notificado sobre o caso, mas reiterou seu compromisso com a ética no esporte:

“O Flamengo tem compromisso com o fair play desportivo e defende o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa.”

O caso continua em investigação e pode ter desdobramentos graves tanto para o jogador quanto para o ambiente de integridade nas apostas esportivas no Brasil.