IPCA de março é o maior desde 2003 e confirma inflação disseminada
O IPCA subiu 0,56% em março, o maior resultado para o mês desde 2003. Para os especialistas, esse número reforça que a inflação está disseminada. Além disso, o cenário deve permanecer pressionado no curto prazo.
O principal fator por trás dessa alta foi o aumento dos preços dos alimentos, que continuam pesando no bolso do consumidor.
Alimentos lideram a alta e não dão sinais de alívio
Segundo André Braz, da FGV Ibre, os alimentos têm subido mais que a inflação média nos últimos cinco anos. Com isso, ocupam uma parcela cada vez maior no orçamento familiar.
“Não há sinais de que os preços dos alimentos vão cair nos próximos meses. Por isso, a pressão sobre o consumo deve continuar”, afirmou Braz.
Além disso, ele explica que os serviços e preços administrados mostraram leve recuo. Isso indica que a política do Banco Central tem efeito, especialmente nos bens duráveis. No entanto, os alimentos in natura seguem pressionando os preços, principalmente por causa do clima.
“A conta do supermercado ainda não vai ficar barata. As proteínas cederam um pouco, mas os in natura ganharam espaço”, disse.
Copom deve manter juros altos diante da inflação elevada
Para Alexandre Espírito Santo, da Way Investimentos, os dados de março são preocupantes. Normalmente, esse é um mês de inflação mais controlada.
“A inflação está elevada e longe da meta. Por isso, o Banco Central não deve mudar sua política de juros”, afirmou.
Segundo ele, a alta nos preços deve influenciar diretamente a próxima decisão do Copom. Ainda mais em um contexto de instabilidade externa, como a guerra comercial iniciada por Donald Trump.
Medidas do governo também pressionam os preços
O economista Gustavo Sung, da Suno Research, destaca outro ponto de atenção. De acordo com ele, as ações do governo para estimular a economia podem agravar o cenário inflacionário.
“Medidas como a expansão do crédito consignado, a liberação do FGTS e o reajuste do salário mínimo tendem a impulsionar o consumo. Isso pode limitar a desaceleração ou até intensificar a inflação”, explicou.
Além disso, ele menciona a possível antecipação da 13ª parcela do INSS como outro fator que pressiona a política monetária.
Inflação deve seguir acima da meta em 2025
Tanto Espírito Santo quanto Sung projetam um IPCA acima de 5% para 2025. Isso representa mais de 2 pontos percentuais acima da meta, que é de 3%.
Portanto, o cenário de inflação disseminada continua sendo um dos maiores desafios para o governo e o Banco Central. Enquanto isso, o consumidor segue enfrentando dificuldades para manter o poder de compra.